Por baixo da praça du Parvis em frente a Notre-Dame, encontra-se a cripta arqueológica de Paris. A entrada passa algo despercebida, e não existe sequer muita sinalização, mas vale a pena procurar...
Não é por acaso que a cripta está neste local, como já se disse, a Île-de-la-Cité é por assim dizer o berço de Paris, mas foi só apenas no século XIX que profundas escavações deram a conhecer a cidade romana que ali existia, Lutécia...
A cripta está bem recheada de história, não só através das ruínas, mas também através de objectos, mapas, esquemas, ilustrações, vídeos, que conseguem dar bem a noção de como era Paris há muito, muito, muito tempo atrás. Mesmo assim, as escavações não terminaram, e a cripta ainda pode aumentar mais...
Como se pode ver nas últimas imagens com maquetes ilustrando a evolução de Paris até à Idade Média, a região não passava dum rio Sena correndo por entre meia-dúzia de montes. Mas bem, foi nesse mesmo Sena, que à 6500 anos umas canoas por lá passaram, e gostaram do sítio. Dois séculos depois estabelecia-se nas suas margens uma tribo celta chamada... Parisii.
Em 52 a.C. os romanos saquearam a pequena povoação, quando as suas pretensões os levaram a conquistar toda a Gália (a França, vá...).
Mas mesmo com a presença dos romanos, Lutécia não passava duma modesta vila de 5000 habitantes.
A cidade romanda de Lutécia podia ser relativamente pequena, ainda assim possuía termas, teatro, o fórum, templos, palácios e um grande anfiteatro...
O traçado ortogonal característico cobria não só a Île-de-la-Cité, como grande parte da margem esquerda do Sena.
É então que as invasões se iniciam, e a cidade muda de nome para Paris.
Na Idade Média, a cidade inicia um processo de crescimento a todos os níveis, impulsionado sobretudo pela Igreja...
Da cidade romana, sobram as muitas ruínas que podemos ver na cripta, e pouco mais.
Já da época medieval, a Catedral de Notre-Dame é o grande símbolo, com a cidade a desenvolver-se a partir de lá. Pode ser visível nas fotos anteriores de maquetes representando a densa cidade medieval que existia sobre a ilha. Tão densa que até as pontes sobre o Sena serviam de base para edificar casas!
Nas fotos em cima, vestígios dos romanos, com destaque para a sua paixão pela matemática e engenharia, representada por alguns instrumentos e inúmeros projectos urbanísticos e de arquitectura presentes na cripta.
Em baixo, imagens da presença romana, e depois fotos de maquetes representando o que mudou da cidade romana e medieval para a actualidade. Pois apesar da catedral se encontrar intocável, o grande Haussmann, a mando de Napoleão III, fez romper praças e avenidas em seu redor assim como fez em toda a cidade de Paris, com o seu megalómano projecto urbanístico do século XVIII. Apesar das ruínas pouco demonstrarem, a cripta demonstra com muitos esquemas essa relação curiosa do que existia, e do que existe hoje...
Aproveitando o livrinho das assinaturas que tinha à saída da cripta e o facto daquele ser um dia especial, eu e a Vânia fizémos questão de deixar registada alguma 'História'... A Nossa, não a de Paris...