Pois bem, e lá voltámos nós à Île de la Cité para sentir a mística histórica que a rodeia... Do Quai aux Fleurs, contemplámos as fachadas chiques dos poucos edifícios de habitação que existem na ilha (só para quem pode!).
Se por um lado as ruas que dividem os prédios são bem estreitas (a competição deve ter sido muita), tal justifica-se pelas vistas que se pode ter, mais propriamente o rio Sena, as suas pontes, e a margem Norte, com os seus belos edifícios (o expoente máximo é mesmo o Hôtel de Ville, isto é, a Câmara Municipal de Paris).
Em baixo, algumas fotos do Hôtel Dieu, um hospital que antigamente era um orfanato, que por sua vez pertencia a um imenso complexo que cobria grande parte da ilha. O complexo foi demolido no século XIX, e por quem? Por Haussmann, claro está, o mentor da maior renovação urbana de Paris. O edifício é famoso por ter sido lá que a polícia francesa resistiu 'bravamente' aos nazis...
Mais abaixo, fotos do monumental Hôtel de Ville de Paris na outra margem, visto do Quai de la Corse, onde se encontra o Mercado de Flores e Pássaros, e o Tribunal do Comércio.
De seguida fomos pela bela rua pedonal de Lutece, que parece mais uma praça, até ao Palácio da Justiça, onde uma fila enorme esperava para visitar a Conciergerie (antiga prisão) e a Sainte-Chapelle (para muitos a mais bela igreja gótica "do mundo, e até da Europa!").
Mas bem, insolitamente, paga-se e bem para visitar a Sainte-Chapelle e a Conciergerie. Mas não desistimos de entrar no complexo do Palácio da Justiça, para que pudéssemos ver pelo menos o exterior. Na verdade o que acontece é que a Sainte-Chapelle está, digamos assim, entalada no interior do complexo do palácio, e a passagem faz-se por uma pequena abertura na fachada Este. O que fizémos foi entrar no Palácio como se fôssemos assistir a um julgamento ou algo semelhante, não tirámos fotos para ninguém desconfiar, e depois de algum tempo no enorme labirinto de corredores e escadas, lá encontrámos uma saída para uma praça central onde ficava a Saint-Chapelle. Evita-se assim a longa fila de espera, mas não se evita o porteiro à entrada da capela. Deu para contemplar minimamente, de longe, o interior da capela. Em baixo algumas fotos tiradas da net do impressionante interior da capela (construída em 1248 por Luís IX para guardar a suposta coroa de espinhos de Cristo, que se encontra hoje em Notre Dame), e mais fotos do exterior do Palais de Justice, com destaque para a grande fila de carrinhas blindadas da polícia estacionadas.
No dia seguinte voltámos à ilha, para fazermos um 'piquenique' no jardim mítico Square Jean XXIII. Não sem antes passar na Praça du Parvis em frente à catedral de Notre Dame. Finalmente, 4 dias depois, lá conseguimos encontrar o Point Zero, uma marca no piso da praça que representa o ponto do qual se mediam todas as distâncias por estrada entre Paris e o resto da França. Curioso reparar que muita gente anda às voltas na grande praça à procura da marca, mas o facto é que ela é muita pequena; o truque é procurar o maior aglomerado de pessoas que estejam a olhar para o chão!
Destaque para a animação constante na praça, que naquele dia, consistia numa imitação não muito fiel do corcunda de Notre Dame, e ainda um senhor, provavelmente piloto de aviões, que se metia com os transeuntes, imitando-os entre outras coisas...Engraçado vá...
E o tão esperado almoço, à base de baguettes pois claro. Baguettes que fomos dividindo com as pombas e outras aves que nos rodeavam. O resto da tarde foi a passear no jardim que cobre grande parte da catedral... Foi giro... Tanta beleza para estragar... Que desperdício!
Ao fim da tarde o passeio prolongou-se até às ruas estreitas a Noroeste da ilha, com belos edifícios antigos, alguns bem conservados, e que mantêm uma mística inspiradora... Era nesta ilha e na Île de St-Louis que viviam os grandes intelectuais da cidade, não admira...
Antes de irmos embora, passámos pelo Mémorial de la Déportation. Monumento na ponta Este da ilha, (no panorâmico jardim de Square de île-de-France) que lembra os 200 000 homens, mulheres e crianças que foram deportados para os campos nazis. O lugar é triste, e com um ambiente propositadamente mórbido, contrastando muito com os jardins próximos. Mas não é por isso que se deve deixar de visitar; de facto não vale a pena fazer de conta que nada aconteceu...