Mas já lá vamos...
Acordar em Paris significa ver quase sempre nevoeiro pela janela, é verdade, até pode ficar 25 graus com sol limpo, mas só de tarde.
A nossa ideia para o alojamento era muito simples: visto termos recusado dois meses antes as residências universitárias de 300 euros cada quarto, qualquer coisa mais barata que isso era o nosso objectivo. Visto que a tentativa de trabalharmos como Au Pair não teve muitos resultados, isto é, ter alojamento gratuito em troca de tomar conta de crianças, a ideia passou a ser sermos alojados num estúdio que em Paris varia entre os 350 e os 650 euros. Estúdios esses que na maior parte dos casos, e sendo os mais barato, chegam a ter 10 metros quadrados, incluindo casa-de-banho, e uma coin-cuisine (kitchenet p'ós amigos)...
Voltando à senhora que nos atendeu, entre o francês da Vânia e o meu inglês, ela respondeu que não aceitava duas pessoas num estúdio...Afinal essa ideia ia ser um problema...
Mas não podíamos desistir, visto termos pesquisado os anúncios num site não regulado por qualquer agência (http://www.pap.fr/), alguns dos proprietários punham a morada com o contacto. Estando fartos de ligar e de mais ningém nos atender, e também pelo impulso de querer conhecer Paris a torto e a direito, apanhámos o metro e fomos ter a uma dessas moradas.
A inocência de não conhecermos a realidade de Paris, fez-nos esperar por essa hora, com a quase certeza de sermos alojados. Faltavam muitas horas, e finalmente tínhamos algum tempo só para 'nós'...
A Torre Eiffel mostrava a imponência, a Norte, demostrando que não deveria estar muito longe.
Acabado o nosso piquenique na ilha de Cygnes, decidimos subir a marginal direita do Sena em direcção à torre. Primeira tarde em Paris, digna duns verdadeiros turistas!
Mas as visitas 'oficiais' teriam de ficar para depois. Atravessámos a ponte d'Lena, em frente ao palácio Chaillot e voltámos pela outra margem para a rua do estúdio, já trocando impressões de como seria viver para aqueles lados...
Chegámos às 18h e algo de estranho parecia se passar. Tal como nós, também 4 jovens, dos quais um casal de rapazes asiáticos (sim, um casal!), esperava em frente ao prédio...Bem, provavelmente estariam à espera de outra coisa qualquer...Chegou as 18h50, e 25 pessoas aglomeravam-se no mesmo local! Ok, o que seria aquilo?? Chegadas as 19 horas, momento insólito: o proprietário chega, diz para o seguirem, e cerca de quase 30 pessoas, incluindo nós, sobem 8 andares numas escadas com menos dum metro de largura, em direcção ao minúsculo estúdio; o proprietário entrou no estúdio, mandou-nos formar uma fila indiana que ia até ao quarto andar pelas escadas, mandava entrar 5 de cada vez, apresentava o quarto, pedia para lhe entregarmos documentos como B.I. e diversos comprovativos, e mandava-nos embora com um 'Merci'!
Eu e a Vânia chegámos cá abaixo, olhámos um para o outro e lamentamo-nos:
- Estamos lixados...
Não baixámos os braços, mas à medida que íamos ligando para outros números, a resposta mais habitual era que já estava alugado, sim, no mesmo dia que puseram os anúncios, à tarde já estavam ocupados. As mãos não chegam para contar as vezes que a Vânia nesse dia proferiu o:
- Bonjour, J' appelle à cause de l'annonce...
Onde afogar as mágoas nessa noite? Mcdonalds...Um dos poucos locais na cidade com internet grátis, e onde continuaríamos a procurar anúncios, o mais recentes possíveis, e em todos os sites e agências possíveis, para que de manhã, bem cedinho continuássemos a procurar.