Depois duma noite num quarto individual no 'Hôtel 5 Silences', altura do dono da residencial nos propôr um quarto definitivo para 4 meses. Quarto havia, mas só dali a 4 dias, pelo menos foi o que o 'monsieur' tinha dito na terça-feira. Até lá, a solução foi ficar num outro quarto, desta vez não individual, mas sim... familiar! Exactamente, íriamos ficar as próximas noites num estúdio de duas divisões, com duas camas, micro-ondas, e tudo pelo preço dum quarto duplo. Mas o mais interessante no quarto, era ser no sótão do edifício, com pequenas janelinhas no telhado, onde tínhamos uma vista interessante sobre os edifícios dos arredores, mas não só, dali até conseguíamos ver a igreja do Sacré Coeur de Paris!
Ainda não era desta que íamos ter o nosso quarto definitivo, o nosso cantinho...Mas já nos começávamos a habituar a ser 'nómadas'. Mais uma vez não desfazíamos as malas, e mais uma vez a nossa alimentação baseava-se em sandes ou saladas, mas agora com a vantagem de ter micro-ondas para aquecer a enorme variedade de refeições pré-cozinhadas do Carrefour (a 10 minutos do Hôtel)! Mas eram só mais 4 dias, seriam mesmo?
Até lá, o monsieur do hotel dava-nos uma semana antes de fazer um contrato de 4 meses para que pudéssemos continuar a procurar outro alojamento. Começámos a pesquisar em jornais gratuitos, que existem aos pontapés em Paris. Mas as respostas às nossas chamadas continuavam a ser as mesmas...
As pequenas janelas no telhado do quarto ficavam sempre abertas... À noite adormecíamos a ver a lua e as estrelas, e de manhã acordávamos tranquilamente com o nevoeiro...
Todos os dias descíamos e subíamos aquelas difíceis escadas dos 6 pisos! E mais do que uma vez fizémo-lo com malas. Isto porque depois dos quatros dias, resolvemos descer até à recepção para pedir a chave, mas o monsieur do hotel disse para esperarmos mais dois dias... Isto voltou a acontecer passado os dois dias, e voltou a acontecer depois e depois...
Duas semanas a acostumar-nos a um quarto que apesar de cheirar mal, era o nosso conforto, tinha vista para Paris, um micro-ondas, e que nos fez faltar muitas vezes ao curso de francês, para ficarmos a ver o sol espreitar entre o nevoeiro pelas janelinhas no telhado.
Dia 30 de Setembro, o monsieur farto da nossa insistência, lá disse para nos despedirmos do quarto 38. Seria desta que iríamos ter o nosso quarto definitivo? Tudo indica que sim...