Quarta-feira, dia 23 de Setembro, mais uma vez faltámos ao curso de francês, mas por boas razões. Íamos ao CROUS, mais ou menos onde o 5º, o 6º e o 14º arrondissement se encontram. É uma espécie de agência de apoio universitário, e fomos lá para pedir informações de como procurar alojamento para estudantes, tínhamos uma semana para fazer contrato com o 'hotel' em que estávamos e teríamos de nos despachar se queríamos outra coisa. Já tínhamos ido na segunda-feira e estava fechado, mas nada que uma consulta prévia dos horários não tivesse resolvido...
Neste dia fomos logo atendidos, (ai que saudades das longas filas nos serviços portugueses!), e tróuxemos do CROUS um dossier com montes de panfletos e contactos. Mas por outro lado, a senhora que nos atendeu aconselhou:
- Têem muita sorte em já terem encontrado um quarto, aproveitem, porque não vos aconselho a tentar alojamento noutro sítio, é muito díficil!
Bah... Saímos dali pensativos...
Como ainda era cedo deixámos Porte Royal, e começamos a descer a avenida pelo 6º arrondissement, mas sem contarmos deparámo-nos com um comprido parque na placa central da mesma. Estávamos no Jardin du Luxembourg...
Mais à frente, o Palácio de Luxembourg mostrava a sua imponência. Construído no séc. XVII pela mãe do rei Luís XIII. 'Construído' salvo seja, em época de imponência exagerada, quem tinha poder mandava construir e pronto, os empregados nem reclamavam. Hoje Paris é lindíssimo muito devido a essa atitude dos poderosos que ao longo da história construíam palácios porque estavam cansados de viver noutros. E o povo morria à fome... Pelo menos, actualmente muitos dos palácios e jardins de Paris estão abertos ao povo. Os jardins do Luxembourg são um bom exemplo de beleza aliada ao lazer público. Os lagos servem hoje para as crianças fazerem corridas de barcos de brincar; no meio do 'bosque' existem campos de ténis, mesas com regulares campeonatos de xadrez, e por todo o parque existem cadeiras de metal verdes que uma pessoa pode pegar e pôr onde quiser (penso que convém mantê-las dentro do parque...). Tudo tão bonito e bem cuidado. Dava vontade de explorar ao pormenor o enorme parque que rodeava o palácio.
Entusiasmados com os jardins do Luxembourg, contínuamos a caminhada em direcção ao rio Sena. Apetecia-nos conhecer tudo naquela tarde. Páramos para admirar uma igreja, não muito grande, pelo menos em relação à maior parte das igrejas de Paris, mas com uma arquitectura interessante, entrámos, e a Vânia acendeu uma vela, para ver se dali para a frente tudo nos correria pelo melhor. A igreja chama-se Saint-Germain-des-Prés, o mesmo nome do bairro em redor, que conservou a arquitectura do séc. XVII. Uma vila que em tempos reunia os intelectuais de Paris, mas que hoje é apenas mais um 'quartier' de gente rica...
Sabíamos que o rio Sena estava próximo, e lá fomos nós, sem olhar sequer para o mapa. Pelo caminho encontrámos a escola de Belas Artes de Paris (em baixo à esquerda), um imponente edifício de finais do século XIX, mas com imitações renascentistas no estilo arquitectónico que não podiam passar despercebidas. Nesta escola estudaram muitos artistas portugueses conhecidos como o meu conterrâneo José Marques da Silva (que construiu a estação de S. Bento e o Teatro Nacional S. João).
Chegámos à belíssima marginal do rio Sena (aqui não gostam que lhe chamem 'rio', é tão importante que lhe chamam simplesmente O Sena, La Seine). Do outro lado avistávamos um edifício que parecia não ter fim. Um edifício antigo, que ocupava uns 700 metros na marginal. A tarde ainda era uma criança...
Procurámos uma travessia, à direita a Pont des Artes com a Ile de la Cité faziam um belo cenário, mas um cenário distante; à esquerda tínhamos a Pont du Carrousel que se dirigia precisamente para a fachada do enorme edifício histórico, vamos lá matar a curiosidade...