14 de Fevereiro de 2010

Paris é uma cidade cosmopolita, ninguém duvida isso. Quando cá chegámos já esperávamos que em 5 pessoas que víssemos no metro, apenas uma ou duas seriam de 'origem' francesa. É algo que por exemplo na cidade do Porto está longe de existir...

O que não esperávamos foi reparar que existem grandes porções de Paris e subúrbios, onde parece nem sequer existirem 'franceses'! Uma delas é Saint-Denis...

Em Saint-Denis, onde mais de 35 por cento dos habitantes nasceu fora da França, podemos encontrar muitos africanos das ex-colónias franceses (algerianos principalmente) e... portugueses.

 

 

Os portugueses são tantos, que no 'hotel' onde estamos alojados, pode-se ouvir de vez em quando, em altos berros:

- Oh Manel, chega-me papel, que este rolo já acabou!

Sem contar com o café português mesmo junto ao nosso prédio, um cruzamento com três bancos portugueses, e uma mercearia só de produtos portugueses (a dona é brasileira...), a verdade é que a maior parte das lojas pertencem à cultura africana e asiática, com destaque para um sem número de estabelecimentos só dedicados a perucas, e restaurantes para todos, mas todos, os gostos...

Embora os portugueses, apesar de muito orgulho nacional, se conterem e se confundirem na cultura francesa (chega a ser insólito como entre eles falam português misturado com francês), o resto dos imigrantes demonstram com afinco a cultura do seu país. E todos se respeitam e se aceitam mutuamente...

Num certo dia, após o carregador do meu portátil ter 'pum!', fui indicado a ir a uma Phone Shop, que são umas lojas que existem abundantemente por estas zonas, onde entre outras coisas, se pode ligar para o estrangeiro, aceder à internet, tirar fotocópias, e fazer alguns negócios aparentemente estranhos.

 

 

Quando lá cheguei, havia uma fila de pessoas esperando por algo, foi então que me dirigi ao balcão para tentar perceber a demora no atendimento, e vejo um rapaz a levantar-se e a dobrar o seu tapete; as pessoas da fila, longe de serem muçulmanas, aproximam-se então com toda a normalidade. Eram 17:30 e o rapaz estava a acabar de fazer a sua oração. Como esta aldeia global pode ser tão pacífica...

Na verdade, uma das coisas que reparo, é que Paris é assumidamente cosmopolita e 'terra' de imigrantes sem qualquer preconceito. Todos aceitam isso...

Por esta altura a Câmara Municipal de Paris tem uma exposição a celebrar 150 anos de imigração. Além disso, os bairros de Paris e subúrbios predominantemente de imigrantes, são alvos de grandes políticas de reinserção social, algumas com sucesso discutível (os incidentes de 2005 podem demonstrar isso).

 

 

Destaque também para o facto de Paris ter a maior Chinatown da Europa.

Paris precisa dos imigrantes, e os imigrantes precisam de Paris...

Um dia todo o Mundo será assim, maravilhosamente diversificado!

publicado por Nuno às 21:03

Pois bem, e lá voltámos nós à Île de la Cité para sentir a mística histórica que a rodeia... Do Quai aux Fleurs, contemplámos as fachadas chiques dos poucos edifícios de habitação que existem na ilha (só para quem pode!).

Se por um lado as ruas que dividem os prédios são bem estreitas (a competição deve ter sido muita), tal justifica-se pelas vistas que se pode ter, mais propriamente o rio Sena, as suas pontes, e a margem Norte, com os seus belos edifícios (o expoente máximo é mesmo o Hôtel de Ville, isto é, a Câmara Municipal de Paris).

 

 

 

 

Em baixo, algumas fotos do Hôtel Dieu, um hospital que antigamente era um orfanato, que por sua vez pertencia a um imenso complexo que cobria grande parte da ilha. O complexo foi demolido no século XIX, e por quem? Por Haussmann, claro está, o mentor da maior renovação urbana de Paris. O edifício é famoso por ter sido lá que a polícia francesa resistiu 'bravamente' aos nazis...

Mais abaixo, fotos do monumental Hôtel de Ville de Paris na outra margem, visto do Quai de la Corse, onde se encontra o Mercado de Flores e Pássaros, e o Tribunal do Comércio.

De seguida fomos pela bela rua pedonal de Lutece, que parece mais uma praça, até ao Palácio da Justiça, onde uma fila enorme esperava para visitar a Conciergerie (antiga prisão) e a Sainte-Chapelle (para muitos a mais bela igreja gótica "do mundo, e até da Europa!").

 

   

 

 

Mas bem, insolitamente, paga-se e bem para visitar a Sainte-Chapelle e a Conciergerie. Mas não desistimos de entrar no complexo do Palácio da Justiça, para que pudéssemos ver pelo menos o exterior. Na verdade o que acontece é que a Sainte-Chapelle está, digamos assim, entalada no interior do complexo do palácio, e a passagem faz-se por uma pequena abertura na fachada Este.  O que fizémos foi entrar no Palácio como se fôssemos assistir a um julgamento ou algo semelhante, não tirámos fotos para ninguém desconfiar, e depois de algum tempo no enorme labirinto de corredores e escadas, lá encontrámos uma saída para uma praça central onde ficava a Saint-Chapelle. Evita-se assim a longa fila de espera, mas não se evita o porteiro à entrada da capela. Deu para contemplar minimamente, de longe, o interior da capela. Em baixo algumas fotos tiradas da net do impressionante interior da capela (construída em 1248 por Luís IX para guardar a suposta coroa de espinhos de Cristo, que se encontra hoje em Notre Dame), e mais fotos do exterior do Palais de Justice, com destaque para a grande fila de carrinhas blindadas da polícia estacionadas.

 

 

  

 

No dia seguinte voltámos à ilha, para fazermos um 'piquenique' no jardim mítico Square Jean XXIII. Não sem antes passar na Praça du Parvis em frente à catedral de Notre Dame. Finalmente, 4 dias depois, lá conseguimos encontrar o Point Zero, uma marca no piso da praça que representa o ponto do qual se mediam todas as distâncias por estrada entre Paris e o resto da França. Curioso reparar que muita gente anda às voltas na grande praça à procura da marca, mas o facto é que ela é muita pequena; o truque é procurar o maior aglomerado de pessoas que estejam a olhar para o chão!

Destaque para a animação constante na praça, que naquele dia, consistia numa imitação não muito fiel do corcunda de Notre Dame, e ainda um senhor, provavelmente piloto de aviões, que se metia com os transeuntes, imitando-os entre outras coisas...Engraçado vá...

 

   

 

E o tão esperado almoço, à base de baguettes pois claro. Baguettes que fomos dividindo com as pombas e outras aves que nos rodeavam. O resto da tarde foi a passear no jardim que cobre grande parte da catedral... Foi giro... Tanta beleza para estragar... Que desperdício!

 

     

   

 

 Ao fim da tarde o passeio prolongou-se até às ruas estreitas a Noroeste da ilha, com belos edifícios antigos, alguns bem conservados, e que mantêm uma mística inspiradora... Era nesta ilha e na Île de St-Louis que viviam os grandes intelectuais da cidade, não admira...

Antes de irmos embora, passámos pelo Mémorial de la Déportation. Monumento na ponta Este da ilha, (no panorâmico jardim de Square de île-de-France) que lembra os 200 000 homens, mulheres e crianças que foram deportados para os campos nazis. O lugar é triste, e com um ambiente propositadamente mórbido, contrastando muito com os jardins próximos. Mas não é por isso que se deve deixar de visitar; de facto não vale a pena fazer de conta que nada aconteceu...

 

  

  

publicado por Nuno às 12:46

Estudantes do Institut Français d'Urbanisme

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