Dia 11 de Novembro, dia do Armistício, que comemora o fim da Primeira Guerra Mundial (só na Frente Ocidental, porque noutras regiões ela continuou...). Como bons europeus que somos, fomos até ao Arco do Triunfo ver a cerimónia presidida pelo senhor Sarkozy e a sua companheira Carla Bruni? Não... Fomos passear, exactamente para o arrondissement oposto, o curioso, diferente e moderno 13º arrondissement (ver o mapazinho catita dos arrondissements clicando aqui). Vá, não foi apenas passear, a Vânia tinha um trabalho de arquitectura para aqueles lados, e aproveitámos para conhecer uma zona de Paris, que não se parece em nada com Paris.
Talvez por ter o número 13, a região, parte desocupada, outra parte formada por bairros da classe operária, nunca conseguiu ter o esplendor, e muito menos a arquitectura que caracteriza do resto da cidade.
Neste dia começámos por visitar a zona que envolve a gigante e moderna Biblioteca Nacional de França. Zona essa que se encontra num profundo processo de rejuvenescimento urbano. A Vânia tinha de analisar precisamente um dos quarteirões modernos adjacentes ao monumental edifício. Aí ficam algumas fotos...



Este projecto de renovação, designado ZAC Paris Rive Gauche (algo como Zone d'Aménagement Concerté da margem esquerda do rio Sena), durou 10 anos, e agora está a ser aos poucos posto em prática, numa zona que basicamente não tinha nada a não ser uma estação de comboios e as suas inúmeras linhas (Gare d'Austerlitz), e algumas fábricas abandonadas. Hoje é uma zona de edifícios de escritórios e de habitação ultra-modernos. É curioso ver que ao contrário de paradigmas recentes, onde se constrói em altura e sob largas avenidas, aqui, o modelo urbanista consistiu em ruas ortogonais estreitas (dependentes das grandes artérias mais próximas é certo), passeios de largura média, e edifícios com altura semelhante à do resto de Paris, permitindo manter uma certa calma pelo bairro. Vale sobretudo a pena ver alguns exemplos de arquitectura 'relativamente' desconstrutivista, com os prédios a parecer encaixarem uns nos outros, 'protegendo' pequenos jardins que os unem.
Tem edifícios para todos os gostos, mas nunca semelhantes à arquitectura comum em Paris...




Paris Rive Gauche ainda tem muitos projectos para serem concretizados, mas o destaque vai para um que consiste em cobrir as linhas de comboio, com algo assim:

Mas bem, o dia ainda era uma criança, e lá fomos nós em direcção ao coração do 13º arrondissement. Aos poucos os prédios iam-se parecendo cada vez mais com os 'tradicionais', mas havia algo que continuava a dar à região uma faceta arquitectónica única. O bairro de 'quase' arranha-céus Les Olympiades. Afinal, quem pensava que as torres tinham acabado no centro de Paris depois do monstruoso Montparnasse, engana-se... Mas visto que terei uma visita de estudo lá, depois crio um post mais detalhado.
Interessante ver a junção da arquitecura moderna com a antiga por estes lados...







E por fim lá chegámos à grande Place d'Italie, o ponto central deste arrondissement. Esta praça está ladeada, dum lado por altíssimas torres, e por outro pelos tradicionais prédios estilo Haussmann. Destaque para um enorme centro comercial, junto à rotunda, que simboliza também o carácter moderno da zona. Uma das fachadas é um complexo da autoria de Kenzo Tange com uma escultura vulgarmente estranha (modernices!)... Entrámos no shopping e matamos saudades do espírito português: passar feriados dentro de calorosas 4 paredes a ver montras, submetido ao marketing e à sede de consumismo. Incrivelmente o centro comercial Place d'Italie estava a romper pelas costuras, com ruas, parques e jardins tão belos lá fora! 'Dá Deus nozes a quem não tem dentes'...


E aqui em baixo uma ilustração da Place d'Italie nos seus tempos de juventude:
