27 de Fevereiro de 2012

aqui tínhamos falado no Palácio da Bolsa de Paris, e de todos os quarteirões bancários do 2º arrondissement que o rodeiam, quarteirões esses muito próximos das Grands Boulevards. Mas desta vez partimos da zona Sul, nomeadamente da antiga Biblioteca Nacional de França, antes de se mudar para o complexo moderno no 13º arrondissement. Foi a partir das obras dos monarcas medievais, que a biblioteca se fundou, e começou a crescer rapidamente quando saiu uma lei que obrigava a que por cada livro impresso em todo o país, uma cópia deveria vir para aqui...

Hoje o grande edifício histórico ainda possiu várias colecções e pode ser visitada...

 

 

O facto de não nos ter sido permitido visitar a fantástica sala de leitura da Bilioteca fez-nos conhecer um pouco melhor este bairro de grande densidade de construção. Grande parte dos edifícios abrigam instituições importantes como o Tesouro Público, a Sociedade de História do Teatro ou uma loja dedicada ao Elvis. O bairro é tão denso que muitas das famosas Passages de Paris estão aqui localizadas, formando uma espécie de espaço público de excelência, até porque só existe um jardim nas redondezas, o Square Louvois com a sua bela fonte Louvois (foto em cima).


 

Chegados à Bourse, pudemos admirar mais uma vez este edifício neoclássico, encomendado pelo maior fã da cultura greco-romana, Napoleão. Alojou a bolsa de valores durante quase século e meio, mas em 1987, a bolsa foi transferida para a Rue Cambon, perto da Place de la Concorde, onde pode desfrutar de equipamentos mais modernos para que os ricalhaços brinquem ao Monopoly com mais conforto... O lema da Revolução Francesa 'Liberté, Igualité et Fraternité', esse lá continua por cima da entrada principal, mas os ricos não dão por ele...


 

publicado por Nuno às 15:21

Hoje coloco 3 mapas relativos às muralhas e respectivos limites que Paris foi tendo ao longo dos séculos.

A primeira imagem, mais antiga apresenta todas as muralhas com as respectivas datas de construção e demolição.

 

 

Este segundo esquema apresenta com mais pormenor a muralha de Philippe Auguste (a traço interrompido) e a de Charles V, que nos interessa particularmente devido às Grands Boulevards que a substítuiram. Em alguns locais ainda é possível ver parte da primeira muralha nomeadamente no Marais. Já os Portes de St-Martin e St-Denis ainda existem, e são autênticos monumentos... 

 

 

Em baixo um esquema mais geral, donde se destaca a linha vermelha, actual limite oficial da cidade, que apesar de ter um muro só demolido em 1929, acabou transformado na actual Boulevard Périphérique, a intensa auto-estrada que circunda a cidade... Falando do futuro, Sarkozy inicou um complexo projecto chamado Grand Paris, altura de expandir os limites outra vez?

 

publicado por Nuno às 00:11

21 de Fevereiro de 2012

As Grands Boulevards tornaram-se culturalmente importantes, tal como a Route 66 se tornou mítica umas boas décadas depois. Estou a falar de locais, aparentemente vulgares, que ganham uma imagem cultural própria, como se de praças ou centros históricos se tratassem. As Grands Boulevards não são mais do que uma longa avenida, formada por muitas outras, que passou a existir nos finais do século XVII, no lugar da antiga muralha Luís XIII e Carlos V, a qual estabelecia na altura os limites da cidade (na foto em baixo, a muralha em causa é a do lado Esquerdo ao Sena). Hoje, ampliados esses limites, é a Boulevard Périphérique a ter esse papel.

 

 

Os Champs Elysées são a avenida mais popular de Paris, ninguém duvida, mas em tempos eram as Grands Boulevards, nomeadamente o troço que vai da Opéra Garnier à Igreja de la Madeleine, que tinham a fama, muito assente nos cafés e lojas requintadas que aí existiam tornando a Boulevard no local predilecto para passeios... Chegou mesmo a existir a figura mítica do Boulevardier, que representava os senhores que por aqui exibiam o seu charme...

Ficam então fotos e algumas informações de todas as 11 Grands Boulevards, que partem da Praça de la Bastille, e terminam na Praça de la Madeleine...

 

Boulevard Beaumarchais

A primeira avenida a contar de Sudeste, parte da Bastilha, onde se situava a Porte Saint-Antoine, uma antiga entrada da cidade que mais tarde se tornou numa fortaleza. A avenida tem como principais símbolos o palácio Mansart, e uma das famosas entradas do metro da autoria de Guimard...

 

 

 

Boulevard des Filles-du-Calvaire

Este pequeno troço chegou a fazer parte da Boulevard Beaumarchais, quando ainda se chamava Boulevard de la Porte Saint-Antoine. Depois ganhou o seu próprio nome em homenagem a uma congregação religiosa. A cantora Elsa Lunghini dedica uma música a esta avenida de apenas 200 metros de comprimento, e que tem um circo permanente...

 

 

Boulevard du Temple

É o troço antes de chegar à grande Place de la Repúblique. O seu nome tem a ver com a Ordem dos Templários, a que locais como a Square du Temple se associam. Ficou bastante conhecida pela grande quantidade de teatros, muitos deles demolidos pelas obras de Haussmann. Uma das mais antigas fotos de sempre foi tirada aqui em 1838 por Louis Daguerre...

 

 

Boulevard Saint-Martin

Esta avenida possui a particularidade de ter a via rodoviária rebaixada 2 metros em relação aos passeios, medida adoptada para que as carroças a cavalo evitassem grandes variações de declive. Que eu saiba não existe em Paris outra avenida com este formato. Já perto da Porte Saint-Martin, existem 2 teatros classificados como monumentos históricos: o Théâtre de la Porte-Saint-Martin e o Théâtre de la Renaissance.

 

 

 

Boulevard Saint-Denis

Apesar do nome importantíssimo (a vila dos subúrbios onde vivemos, e o nome da de uma das mais antigas ruas de Paris que cruza esta Boulevard...), este é apenas um troço pequeno que liga dois arcos históricos, que aqui já falámos: a Porte St-Martin e a Porte St-Denis.

 

 

Boulevard de Bonne-Nouvelle

Esta avenida apresenta características semelhantes à Boulevard Saint-Martin. Nela começa a ser notória a animação e o movimento que irá caracterizar as próximas Boulevards, muito assente na presença de teatros (uma constante nas Grands Boulevards) e de cafés peculiares...

 

 

Boulevard Poissonnière

O seu nome deriva das carroças de peixe que vinham da costa Norte e que por aqui chegavam à cidade. O grande símbolo da avenida é o mítico cinema Le Grand Rex que data de 1930, e que recebe por ano qualquer coisa como 1,25 milhões de pessoas. Os teatros e as esplanadas que aqui existem também são populares, onde se destaca o café Le Brabant, antigo lugar predilecto de escritores naturalistas...

 

 

 

Boulevard Montmartre

Para muitos, o verdadeiro espírito das Grands Boulevards inicia-se a partir desta avenida. Apesar de nada ter a ver com as colinas de Montmartre, é bastante popular, muito por causa da presença do Hard Rock Café, e também do Museu Grévin. Este museu de cera, uma espécie de Madame Tussauds, atrai imensos turistas, garantindo uma longa fila que ocupa o passeio Norte. Este pormenor fez-nos desistir de o visitarmos, fica para a próxima...

 

 


Boulevard des Italiens

Grand Boulevard de excelência, ganha fama com a presença da Opéra Garnier na ponta Oeste, a Opéra Comique na ponta Este, e a Opéra Gaumont mais ou menos a meio. Grande parte dos edifícios têm fachadas monumentais, parte deles sedes de bancos, como o fantástico Crédit Lyonnais. O resto são cafés míticos como o La Taverne ou o Tortoni. Destaque também para a grande presença de Passages nos quarteirões a Sul, parte das quais têm acesso à Boulevard des Italiens e Montmartre.

 

 

Boulevard des Capucines

Para muito boa gente, esta avenida começa na praça da Opéra Garnier, e não na Opéra Gaumont, que faz esquina com a Rue de la Chaussée d'Antin. Em qualquer dos casos, é provavelmente o troço mais 'boulevardiano'. Já aqui falei de parte desta avenida frequentada sobretudo pela classe alta, ao contrário do que acontece na problemática Boulevard Saint-Denis por exemplo. Apesar do famoso Olympia (pelo menos para os artistas portugueses), há a destacar a presença de mais lojas comerciais, em vez de cafés e teatros...

 

 

 

Boulevard de la Madeleine

A última Grand Boulevard termina na grande igreja neoclássica La Madeleine, daí o nome... É um troço pequeno, e muito semelhante à Boulevard des Capucines. Há a destacar a presença da Galerie Bernheim-Jeune, uma das mais antigas da cidade, frequentada por artistas como Cézanne, Matisse ou Rodin...

 

 

(imagens retiradas da web, excepto as fotos da Boulevard Montmartre)

publicado por Nuno às 01:54

Segundo dizem, Paris é a cidade mais turística do Mundo. Os parisienses podem lamentar esse facto, mas os 'estrangeiros' agradecem que haja no mundo cidade tão bela, tão monumental, tão tudo, que possam visitar com facilidade... Depois de aqui ter falado nos aeroportos de Paris, transcrevo um estudo muito interessante da eDreams, que faz um ranking das companhias aéreas com os voos mais baratos do mundo!

Para especificar os voos com destino a Paris, basta clicar aqui.

Quanto a companhias portuguesas, a Sata e a TAP estão a meio da tabela, o que evita conclusões precipitadas...

 

  Cód    Companhia aérea País Preço (Euros)
Por 100 Milhas
#1 BL Jetstar Pacific Vietname 8,55
#2 ZB Monarch Reino unido 9,61
#3 0B Blue Air Roménia 10,43
#4 G9 Air Arabia Emiratos Árabes Unidos 10,71
#5 3K Jetstar Asia Singapura 10,91
#6 FR Ryanair Irlanda 10,95
#7 JE Mango África do Sul 11,01
#8 BY Thomson Airways Reino Unido 11,67
#9 X3 TUIfly Alemanha 11,77
#10 3O Air Arabia Maroc Marrocos 11,92
#11 TR Tiger Airways Austrália 12,02
#12 HV Transavia Holanda 12,25
#13 W6 Wizzair Húngria 12,78
#14 8J Jet4You Marrocos 13,04
#15 E3 Eagles Airlines Itália 13,35
#16 KU Kuwait Airways Kuwait 13,37
#17 JQ Jetstar Airways Austrália 13,48
#18 U2 Easyjet Reino Unido 13,49
#19 DY Norwegian Noruega 14,63
#20 AP Air One Itália 14,84
#21 S4 Sata International Portugal 14,91
#22 QS Smart Wings República Checa 15,00
#23 F9 Frontier Airlines Estados Unidos da América 15,24
#24 ZI Aigle Azur França 15,48
#25 TP TAP Portugal Portugal 15,52
#26 MN Comair South Afrika 15,75
#27 IV Wind Jet Itália 15,76
#28 VY Vueling Espanha 16,25
#29 HG Niki Áustria 16,66
#30 LA LAN Chile 16,70
#31 LS Jet2 Reino Unido 17,08
#32 XW Sky Express Rússia 17,28
#33 EI Aer Lingus Irlanda 17,41
#34 U6 Ural Airlines Rússia 17,44
#35 SE XL Airways França 17,48
#36 FB Bulgaria Air Bulgária 17,53
#37 PZ TAM Paraguai 17,76
#38 WW Bmibaby Reino Unido 17,77
#39 KL KLM Holanda 17,97
#40 S2 Jet Lite Índia 18,19
#41 PC Pegasus Airlines Turquia 18,30
#42 SN Brussels Airlines Bélgica 18,42
#43 KF Blue1 Finlândia 18,43
#44 JK Spanair Espanha 18,46
#45 UX Air Europa Espanha 18,51
#46 IB Iberia Espanha 18,57
#47 LV Albanian Airlines Albânia 18,62
#48 AT Royal Air Maroc Morocco 18,79
#49 UN Transaero Airlines Russa 18,88
#50 OK Czech Airlines República Checa 19,00
.
(Nota: Voo de curta distância é definido como um voo com uma distância igual ou inferior a 1000 milhas náuticas. Os voos com distâncias maiores foram excluídos deste estudo.)
publicado por Nuno às 01:23

18 de Fevereiro de 2012

A ideia não passa por escrever um artigo sobre cada uma das 150 (!) igrejas de Paris, mas é difícil não o fazer, pois por mais pequena que seja, há sempre algo de único, nem que seja apenas a nível da arquitectura, que é o que mais nos interessa... Esta pequena igreja de Notre-Dame-des-Victoires, encontra-se no 2º arrondissement, muito perto do Palais Royal, e não muito longe do Palais de la Bourse. Fica entalada num bairro bastante denso, e só demos com ela sem querer, enquanto nos dirigíamos para a antiga Biblioteca Nacional. Na verdade, foi a maravilhosa praça des Petits Péres que nos chamou a atenção, com o seu estilo medieval, e lojas peculiares, e nos fez lá ficar a descansar nas escadas da igreja...

 

 

 

É uma das 10 basílicas menores da região de île-de-France, e foi concluída em 1740, em consagração aos 'Augustinos descalços', mais conhecidos por Petits Péres, daí o nome da praça. Mas o que faz realmente desta igreja um local digno de visita?... As suas paredes, cobertas com 37 mil placas com inscrições, que nos deixaram espantados assim que aqui entrámos. É de facto impressionante, até mesmo sob as arcadas redondas existem placas! Estes bocados de pedra, parecidos com lápides, são nada mais nada menos do que ex-votos religiosos sobretudo em agradecimento à Virgem Maria pela sua suposta ajuda nas batalhas, etc... Ora numa igreja que fazia parte do percurso dos caminhos de Santiago, houve muitos fiéis a deixarem também aqui as suas placas, prometendo caminhar até Compostela... O resultado é arte...

 

publicado por Nuno às 00:07

14 de Fevereiro de 2012

Depois de uma visita algo exaustiva à icónica Opéra Garnier (que pode ser lida aqui), e aos quarteirões das galerias Lafayette e Printemps (aqui), aproveitámos para conhecer o resto dos bairros que transformam as avenidas, que por aqui se cruzam, em autênticos passeios da fama... A praça da Opéra, onde se localiza a discreta escadaria da estação do metro, é a maior centralidade duma zona dividida pelo 2º e 9º arrondissement. Apesar de ser atravessada por ruas de grandes fluxos rodoviários, o que resta dela está sempre com muita gente, ora por pessoas que usam o metro, ora pelas animações que têm lugar junto às escadas da fachada principal da ópera, ora ainda pelos turistas fotógrafos.

 

 

 

Tirando a praça, o resto do bairro é carregado de requinte e elitismo associados à presença de pessoas com cargos superiores ligados aos 3 maiores bancos franceses que aqui têm a sua sede, e aos artistas profissionais que trabalham nos muitos teatros dos arredores, incluindo o popular Olympia... Basicamente é um bairro dos ricaços, e grande parte deles concerteza frequenta o mítico Café de la Paix, que continua com decoração do século XIX, a cargo de... Garnier. As fotos em baixo representam a Boulevard Haussmann, onde localizam as maiores lojas e galerias comerciais dedicadas à moda. Destaque para os fabulosos edifícios que a ladeiam, incluindo um tipicamente parisiense, mas com as janelas em estilo árabe...


 

Das Grands Boulevards, a Capucines é dos troços mais populares, e foi para lá que decidimos ir de forma a encontrar a pequena Rue Edouard VII. Nesta Boulevard, em 1895, os irmãos Lumière realizaram a primeira exibição pública de um filme; um importante facto que é tristemente recordado com umas pequenas letras inscritas na fachada do nº14. O que mais chama a atenção é no entanto o enorme bar 'The American Dream' (já na esquina com a rua Dounou), com uma exagerada fachada dedicada aos maiores símbolos dos Estados Unidos da América... O resto são lojas, a maior parte com muitos anos, mas bem preservadas...


 

Da Boulevard des Capucines acedemos à tal estreita Rue Edouard VII que chega à pequena praça octogonal com o mesmo nome. Este é um daqueles recantos fabulosos da cidade de Paris que a maior parte das pessoas nunca chega a conhecer. Isto porque esta praça não possui mais ruas, apenas uma passagem pedonal que dá acesso a outra rua estreita. Ora, num lugar aparentemente condenado a um mero beco sem saída, encontrámos um encantador lugar com belos restaurantes, belas esplanadas, um belo teatro e uma estátua equestre de Eduardo VII. Agora fica a questão: quem surgiu primeiro, os prédios ou a praça?

 

 

 

Lá voltámos então à Rue Scribe, que passa num dos lados da Opéra, para visitar o pequeníssimo museu Paris Story. Este é daqueles museus totalmente virados para os turistas, e talvez por isso seja um pouco caro; aliás aqui ter cartão de estudante não adianta, e por isso não chegámos a entrar na sala principal, onde, diz-se, há a rodagem de um filme interactivo que conta toda a história de Paris. O escritor Victor Hugo, numa versão em 3D é o narrador. Apesar de não virmos o filme, tivemos acesso a uma enorme maquete da cidade, onde estão marcados 156 monumentos e outros pontos turísticos, com a respectiva descrição.


 

Restava então descer a Avenue de l'Opéra, que liga a Opéra Garnier ao Museu do Louvre. É portanto uma das vias mais importantes do centro da cidade, e não admira por isso, a existência de edifícios importantes. Rapidamente concluímos que esta avenida é mais um dos marcos da renovação urbana iniciada por Haussmann em 1860. Por esse facto será interessante notar o que essa renovação implicou, pois se os prédios que ladeiam a avenida têm todos os mesmo estilo e altura, olhando pelas estreitas ruas que aqui chegam vemos uma espécie de cidade medieval, com edifícios mais pequenos, ao estilo de bairros como o Quartier Latin.

 

 

Nesta avenida existem sobretudo agências de viagens, bancos e lojas de luxo pois claro, o que não evita um grande movimento de pessoas, que quase se atropelam, mesmo em passeios de dimensão média em que não existem árvores ou bancos, o que é raro nas avenidas parisienses. Na verdade o facto de não ter árvores resultou de um acordo entre Haussmann e Garnier, para que a fachada principal da Opéra pudesse ser vista sem 'nada' a incomodar. De destacar o prédio do nº22 onde os serviços secretos americanos chegaram a ter a sua sede, e o nº 27 (penúltima foto), onde está o Centro Nacional de Artes Plásticas, com a sua estranha fachada...


publicado por Nuno às 00:03

11 de Fevereiro de 2012

 


O terraço das galerias Lafayette não é muito alto, mas não deixa de ser interessante termos uma visão ao nível médio dos telhados de Paris, algo raro para quem não mora num desses populares sótãos. A Opéra Garnier (últimas fotos) destaca-se no horizonte mas tudo o resto representa na perfeição o skyline da cidade. De reparar também nas geometricamente perfeitas avenidas rectas que passam em redor da ópera...

publicado por Nuno às 03:02

Porque é que uma grand magasin, isto é, uma loja gigantesca do género El Corte Inglês, merece destaque neste blog? Porque o seu edifício é um autêntico monumento, ou melhor dizendo, uma maravilha arquitectónica! Exactamente a Norte da Opéra Garnier, fica uma zona de comércio em grande parte luxuoso, e dedicado quase exclusivamente à moda... Essas lojas tornam a Boulevard Haussmann num gigantesco shopping ao ar livre. É nela que se localiza um par de quarteirões formado pelas galerias Lafayette e Printemps. As primeiras são as mais populares, e foi nessas que decidimos entrar para admirar o fantástico salão central e a sua cúpula...

 

 

É certo que viemos aqui pela arquitectura, mas ver os franceses perdidos no consumismo é impressionante. É um dia da semana, e as galerias estão incrivelmente cheias, é como se o centro mundial de lojas de roupas fosse aqui... O melhor é mesmo aproveitar os voos lowcost, fazer uma viagem a Paris (pela Aigle Azur por exemplo), e com o dinheiro que se poupou vir aqui comprar os melhores sapatos do mundo, os melhores vestidos do mundo e até... a melhor Coca Cola do Mundo, em versão Karl Lagerfeld... Tudo aqui é exageradamente em grande, exageradamente decorativo, e é como se não houvesse escapatória possível a tanto marketing... Mas rapidamente chegámos ao terraço, onde respirámos fundo e aproveitámos as vistas...


 

 

 

Fiquei traumatizado com tanto requinte, mas para quem tinha acabado de visitar a Opéra Garnier no outro lado da rua, isto até nem era nada por aí além... Decidimos então percorrer mais um pouco da Boulevard Haussmann e apreciar o centro comercial Printemps que data de 1865. Por fora é mais fantástico que as galerias Lafayette sem dúvida, resta então conhecer por dentro o primeiro edifício a ter electricidade em França, o primeiro a ter uma loja com elevadores e uma secção só dedicada a roupa masculina... Entrámos, e quando reparámos que o elitismo luxuoso era ainda maior que o das galerias Lafayette, decidimos sair logo, antes que alguém pensasse que éramos uns meros vagabundos...


publicado por Nuno às 02:55

01 de Fevereiro de 2012

Num tacho ponha todos os estilos arquitectónicos que conhece, junte todos os materiais que puder, e povilhe com opulência e luxúria quanto baste. O resultado só pode ser a Ópera Garnier, curiosamente costumada a ser comparada a um bolo... Eu visitei Versalhes por 2 vezes e nunca pensei que pudesse haver local mais majestoso e piroso, pelo menos em França! Aliás o edifício é de tal maneira um tesouro gigante, que foi preciso esperar por 'um dia especial' para que quase todo o seu interior estivesse excepcionalmente aberto ao público, e o pudéssemos finalmente visitar. É uma espécie de palácio de Versalhes em versão concentrada, onde cada centímetro quadrado tem de ser conservado permanentemente...

 

 

 

 

Antes do choque ao exagero arquitectónico, é útil compreender o contexto da sua criação. Com a renovação urbanística de Paris, concebida por Haussmann e idealizada por Napoleão, este 9º arrondissement acabou por ser dos bairros mais afectados, mais conhecido por ser rasgado pelas famosas Grands Boulevards, onde gente dita 'importante' viria a gastar o seu tempo e dinheiro... Um dos marcos dessa renovação seria a criação de uma nova ópera, tendo sido Garnier o arquitecto escolhido para a projectar. Em 1861 inicia-se assim a construção de uma obra feita à medida do carácter de Napoleão III. No entanto a Ópera só foi concluída 13 anos mais tarde, depois de muitos obstáculos incluindo 3 guerras e o terreno pantanoso...

 

 

Esse terreno pantanoso acabou por alimentar o mito de que existe um lago sob o edifício, popularmente utilizado por Leroux no seu romance 'O Fantasma da Ópera'. O bairro em redor da nova Ópera foi tão valorizado, que a estação de metro em frente à fachada principal não pode ter entradas no habitual estilo Art Nouveau, e hoje vemos apenas uma escadaria com pequenos muros em mármore, onde os turistas se amontoam para as fotos. Há que falar então do interior do edifício, porque do bairro falarei num post posterior. As fotos não são as melhores, e a maior razão é que os tons dourados e as luzes ofuscam a maioria das divisões (a segunda razão é a qualidade do fotógrafo). Essa rica ornamentação baseia-se em pedra, mármore, bronze, ouro e veludos, materiais estes usados até à exaustão, e onde há espaço...

 

 

Só explorando o interior se consegue ter noção dos seus 11 quilómetros quadrados e mais de 70 metros de altura, não devido às divisões serem espaçosas, mas ao facto de serem bastantes, tornando o edifício um autêntico labirinto. Para se ter uma noção, a entrada para as visitas faz-se por uma pequena porta na lateral que corresponde a um piso subterrâneo, e primeiro que se consiga chegar ao hall principal com a Escadaria Nobre, é preciso um bom sentido de orientação. As primeiras fotos mostram essa escadaria em mármore com enormes candelabros suportados por estátuas. Por falar em candelabro, só o do auditório pesa 6 toneladas, e é onde a opulência atinge o seu apogeu, com as 1979 poltronas em veludo vermelho e tudo o resto folheado a ouro, sempre num estilo neobarroco muito elaborado.

 

 

Cada canto vale a pena descobrir, desde a varanda com belas vistas para a avenida de l'Opéra, às muitas salas anexas onde existe um museu e uma biblioteca. Mas um dos locais mais dignos de visita é o Grand Foyer, uma espécie de cópia da Galeria dos Espelhos com o seu tecto abobadado e coberto de mosaicos. Com a construção da Ópera da Bastilha em 1989, a Ópera Garnier passeu a ser mais uma espécie de museu do que propriamente uma sala de espectáculos. E apesar de recentes remodelações, há muita arte a ser conservada. Certo dia a mulher de Napoleão III perguntou a Garnier se esta Ópera serie em estilo grego e romano, a resposta foi: "É no estilo do imperador, madame." Prova disso é que alguns anos antes Napoleão foi alvo de uma tentativa de assassinato em frente à antiga Ópera, ordenando a que esta fosse toda estruturada de forma ao imperador ir da carruagem ao camarote real sem interagir com o público...

 

publicado por Nuno às 19:06

Estudantes do Institut Français d'Urbanisme

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