26 de Março de 2012

Este artigo devia ser sobre a marginal do Sena do 7º arrondissement. Mas na verdade o cais, quer o d'Orsay quer o Branly, é tão tranquilo que percorrê-lo só serve mesmo para quem vive lá, ou quem visita os Esgotos e o Museu Quai Branly, que foi o nosso caso neste dia... A primeira foto mostra a Chama da Liberdade, um monumento que fica no outro lado da ponte de l'Alma. Esta ponte, que divide os dois cais, passa sobre o túnel onde morreu a princesa Diana de Gales, e por isso o mesmo monumento passou a ser mais uma espécie de memorial do que apenas uma réplica fiel da chama que a Estátua da Liberdade de Nova York segura.

 

 

Precisamente quando íamos visitar os Esgotos de Paris (isso mesmo, um museu dedicado aos esgotos!), ficámos curiosos com uma bonita torre que aparecia acima das frondosas árvores que cobrem o Quai d'Orsay, e decidimos investigar. Era uma igreja, denominada American Church in Paris. Ora num local rico em referências aos Estados Unidos de América, não é de estranhar que esta pequena igreja de 1814 com belas fachadas medievais, seja muitas vezes confundida com a American Cathedral in Paris de 1886 que fica... ...no outro lado da ponte. Esta última, maior e mais famosa, não possui porém o encanto da primeira igreja estadunidense em solo estrangeiro...

 

publicado por Nuno às 03:03

Continuação do passeio por um dos mais famosos arrondissements de Paris. Depois de aqui termos explorado a zona Este, chega a vez de conhecermos um pouco melhor os quarteirões que dividem os Champs de Mars, onde está a Torre Eiffel, dos Invalides. É um bairro muito grande, e relativamente denso, apenas atravessado por 2 avenidas que partem da Ponte d'Alma. Há pouco para ver, no meio de prédios onde previsivelmente vive a classa alta, o que mantém a zona tranquila, muito à imagem do resto do arrondissement, que absorve a multidão em torno da Torre Eiffel.

 

 

 

O primeiro passo seria conhecer a famosa Rue Cler, por isso partimos da estação de metro La Tour-Maubourg. Contra todas as expectativas, até porque já tínhamos feito muitas caminhadas por estes lados, encontrámos pelo caminho uma pequena igreja, rodeada de um curioso espaço verde, que está completamente entalado entre prédios. É o templo luterano Saint-Jean, e tem apenas um caminho pedonal que o liga à estreita Rue de Grenelle... No cruzamento com a Rue Cler, vemos então a famosa via pedonal, onde tem lugar o mercado mais caro da cidade. É aqui que a malta mais abastada vem comprar o seu caviar, o seu camarão tigre, o seu fillet mignon, e outras lúxurias alimentares.

 

 

Dizem que se pode ver gente famosa aqui, mas nem interessa, este elitismo não era claramente para nós, toca a procurar um Franprix para lanchar, e bazar daqui... Continuámos a caminhar para Oeste e depois Norte, sempre com a Torre Eiffel a servir de guia. É incrível que com ruas tão estreitas e prédios altos, ela continue a querer aparecer! Fomos ter então à Rue de l'Université, uma rua histórica e muito longa, que segue paralela ao Sena desde a Faculdade de Medicina em Saint-Germain-de-Prés, até à Torre. E daqui apanhámos finalmente uma das 2 avenidas que cruzam este bairro, a Avenue Rapp.


 

A Avenue Rapp é muito conhecida pelos amantes da arquitectura, e particularmente de Art Nouveau. Tudo por causa de um prédio, o nº 29, que é provavelmente um dos expoentes máximos deste estilo. O génio criador, Jules Lavirotte, ganhou com ele o primeiro Concurso de Fachadas da Cidade de Paris em 1901! As fotos são esclarecedoras do trabalho artístico que envolve relevos pormenorizados com os habituais temas animais, florais, e ainda uma boa dose de erotismo. O que mais impressionou foi que Lavirotte, apesar da monumental fachada colorida, conseguiu manter a estrutura dos típicos prédios parisienses, num claro apelo ao bom gosto com irreverência...

 

 

Acaba por ser um prazer percorrer esta avenida predominantemente habitacional, porque existem outros bons exemplos de arquitectura. São sobretudo blocos típicos de 6 ou 7 pisos, mas com as fachadas muito bem trabalhadas, mostrando que em Paris quem é rico não vive em vivendas, vem para aqui... Apesar da segurança conseguimos entrar num jardim interior, do quarteirão em frente ao nº 29, onde demos pela presença de uma enorme torre com um relógio, num dos cantos. Será mesmo uma torre de vigia?

 

publicado por Nuno às 00:04

19 de Março de 2012

Muito perto da École Militaire, a Sul dos Champs de Mars, existe um quarteirão paradoxal, uma espécie de cidade dentro de uma grande cidade, é a Village Suisse. Foi construída no âmbito da Exposição Universal de 1900 que teve lugar nos Campos, pelo então governo suíço. Eu que até conheço bem esse país acabei por não entender muito bem a intenção de recriar uma aldeia suíça, já que os prédios que formam esse quarteirão nada têm a ver com as típicas habitações helvéticas... De qualquer das formas ficam as belas referências dos jardins interiores a cidades como Genebra, Zurique ou Lausane.

 

 

 

De facto este tipo de edifícios não parece ficar nada bem no meio dos típicos quarteirões parisienses, ainda por cima no centro da cidade, mas são os jardins que merecem uma visita pelo seu encanto. Encanto este sustentado pelas magníficas estátuas, candeeiros e grandes canteiros...

Ao contrário do que se possa pensar, a Village Suisse não se tornou numa espécie de China Town. A comunidade suíça até pode ter aqui grande presença, mas este quarteirão acabou por ficar muito famoso devido às suas lojas, que formam um autêntico mercado antiquário de luxo. Neste dia, as lojas estavam fechadas, mas das montras podia-se observar peças de grande valor artístico e não só...



publicado por Nuno às 19:27

Paris não é a capital da bicicleta, mas não fica muito longe disso. O facto de ser relativamente plana e ter uma boa rede de avenidas muito largas, foi um incentivo para que o município apostasse em ciclovias de qualidade, mas já lá vamos. Hoje a bicicleta é para os parisienses uma boa alternativa de transporte quotidiano, e o ambiente agradece. Mas em 2007 o município foi mais longe e criou um inovador sistema de aluguer de bicicletas que está a ter bastante sucesso, o Vélib!

 

 

O Vélib é um sistema semelhante às Bugas (na cidade de Aveiro), mas com a diferença de operar de forma completamente electrónica, e ter um posto de aluguer de 300 em 300 metros. O método é simples, chegar ao posto electrónico, comprar um passe com cartão multibanco (o preço varia conforme a validade do passe), e escolher uma bicicleta ao dispor. A primeira meia-hora é gratuita, se passar esse limite, uma taxa será aplicada ao passe. O que muita gente faz é ir trocando de bicicleta nos postos de 30 em 30 minutos, e assim só paga o passe. Para quem faz uma viagem a Paris durante poucos dias, esta é a forma mais lowcost, completa e lúdica de conhecer Paris...


 

Actualmente o sistema conta com 20 mil bicicletas modernas, todas com faróis e 3 mudanças. Quer o site (http://en.velib.paris.fr/), quer o posto electrónico, possuem mapas detalhados com as estações mais próximas e a rede de ciclovias. Um factor importante e curioso, é que apesar de Paris ser uma cidade relativamente plana, subir Montmartre de bicicleta não é fácil, assim quando se deposita a Vélib nos locais mais altos, o período grátis sobe para 45 minutos! Como disse, as ciclovias são uma maravilha, bem sinalizadas e respeitadas. Descer as avenidas é imaginar andar num avião da TAP no meio dos Champs Elysées, e sentir o vento e as folhas na cara. Mas em muitos locais elas são partilhadas com a faixa BUS, portanto cuidado...

 

 

Ver rede da Vélib aqui.

 

Vantagens:

- O transporte mais barato, tendo em conta que o passe de 1 dia custa 1€70.

- Ampla rede de ciclovias.

- A melhor forma de sentir Paris enquanto se viaja (incomparável com os autocarros turísticos!)

- O ambiente agradece...

 

Desvantagens:

- Para iniciantes o sistema de aluguer pode ser bem confuso.

- O sistema de troca de 30 em 30 minutos pode não ser viável...

- Ciclovias relativamente seguras, mas grande parte é partilhada com o Bus.

- O previsível desequilíbrio da capacidade dos postos: se alguns podem não ter bicicletas para alugar, outros estão cheios para o depósito.

 

publicado por Nuno às 15:59

12 de Março de 2012

De volta ao grandioso 7º arrondissement para descobrir o que está para lá da sombra da Torre Eiffel, nomeadamente a sudeste. A Place Joffre, tal como o Trocadero, é mais conhecida pelos turistas fotógrafos que se amontoam para registar a torre, de ângulos ideais para algumas brincadeiras.

 

 

No entanto desde 2000 que entre a praça e os Champs de Mars, existe um monumento 'invasor', chamado Mur de la Paix, com o intuito de promover a tolerância cultural. Além da palavra Paz escrita em 32 línguas, é possível deixar mensagens, que aparecerão nos seus ecrãs. Ora, a presença deste monumento é algo irónica, não pelo facto de passar facilmente despercebido, mas porque toda esta zona é dedicada à guerra, desde os jardins em honra ao Deus Marte, aos Invalides, passando pela École Militaire...


 

A École Militaire fica precisamente junto à Place Joffre, do outro lado da bela Avenue de la Motte Picquet, e trata-se de um enorme complexo quase do mesmo tamanho que os Invalides! Só quem sobe à Torre Eiffel consegue ter essa noção, já que o edifício principal está simetricamente de frente para a Torre.

 

 

Esta escola, antiga Real Academia Militar de Luís XV, foi criada em 1751, no intuito de treinar oficiais vindos de famílias pobres. Apesar de encerrada ao público, é mais conhecida por ter tido um aluno exemplar chamado Napoleão Bonaparte. O moço acabou o curso em apenas 1 ano, e na avaliação pode-se ler: "poderá ir longe se lhe oferecerem circunstâncias favoráveis"...


 

Dando a volta ao complexo, é possível ver alguns campos de treino, e edifícios bem mais humildes que a monumental fachada principal em estilo clássico francês. Do outro lado, outra presença irónica... A sede da UNESCO. É uma obra-prima arquitectónica, e um dos poucos edifícios em estilo contemporâneo na cidade de Paris. As visitas são muito limitadas, mas do exterior é possível ver algumas das muitas obras de arte que abundam pelos jardins, da autoria de Picasso a Miró.

 

 

De destacar também o pequeno jardim japonês, num dos 3 cantos do edifício principal que tem a forma dum triplo boomerang...

Continuando a percorrer a Avenue de Saxe e depois a Avenue de Ségur até chegarmos ao Hôtel des Invalides, damos com um muito tranquilo bairro, muito ao estilo de outros do mesmo arrondissement. Edifícios majestosos, mansões, algumas embaixadas, e grandiosas avenidas, bem cuidadas, mas incrivelmente vazias...


publicado por Nuno às 17:20

Foi o inglês Sir Richard Wallace que em 1840 doou à cidade de Paris 100 fontes de água potável, todas semelhantes e em ferro fundido. O modelo, em homenagem ao Romantismo, representa 4 figuras femininas que simbolizam a Bondade, a Caridade, a Simplicidade e a Sobriedade. Como tudo em Paris, a fonte acabou por se tornar uma imagem de marca da cidade. Se inicialmente a ideia de Wallace era servir a população mais pobre, hoje ainda que muitas funcionem, trata-se meramente de escultura urbana muito valiosa...

 

publicado por Nuno às 17:04

09 de Março de 2012

Aqui apresento 3 mapas simples, sobra a disposição das Passages de Paris. O primeiro e segunda mapa são retirados de 2 sites (este e este) dedicados exclusivamente às Passages (ou outras galerias mais pequenas). Aquilo que se considera Passage é discutível, mas mesmo para os mais comedidos como no segundo mapa, é possível notar a grande quantidade destes míticos locais que cobrem o 2º arrondissement.

 

 

Este terceiro mapa da autoria do blog Peter's Paris, mostra um percurso entre a estação Les Halles e a Gare de l'Est que passa por uma vasta sequência de Passages. Um dos melhores percursos sem dúvida...

 

publicado por Nuno às 19:10

Por várias vezes referenciamos aqui as míticas Passages de Paris, nomeadamente quando abordávamos o e o 3º arrondissement. O conceito destas galerias comerciais cobertas foi criado em inícios do século XIX, para dar resposta a um extremo desejo de consumo da classe mais alta, que por viver nos densos bairros dos arredores da Opéra Garnier, não se contentava com os passeios - desabrigados da chuva, e partilhados com o trânsito e com vagabundos...

 

 

Na verdade os centros comerciais cobertos já existiam séculos antes, nomeadamente no Médio Oriente, mas aos parisienses ricos, que nem dos voos baratos da Easyjet podiam usufruir para conhecer o histórico Grand Bazaar do Irão, restou criarem o seu próprio modelo, com o típico requinte francês! Os Grands Magasins acabaram por ditar o declíneo das cerca de 150 Passages que aqui chegaram a existir, mas parte delas ainda resistem e tornaram-se dignas de visita.

 

 

Estas fotos representam precisamente um percurso que decidimos fazer em apenas um dia, tentanto encontrar o maior número de Passages sem qualquer plano definido. Na verdade, tal processo não foi fácil, porque apesar da maior parte das Passages estarem bem concentradas no 2º arrondissement, algumas têm apenas 2 entradas - que curiosamente também são saídas - estando elas pouco ou nada sinalizadas, assim como confundidas nas fachadas dos prédios, como se de uma qualquer porta de habitação se tratasse.


 

Entrando numa destas galerias, é mesmo um mundo à parte. Algumas, como a Galerie Vivienne, ou a Passage des Princes (que num post antigo já tínhamos falado), estão muito bem cuidadas e são riquíssimas nos aspectos decorativos, outras como a Passage des Panoramas, e as galerias mais a Norte, estão absurdamente com um ar abandonado e têm elementos arquitectónicos mais simples. Em ambos os casos, as lojas, com produtos muito especializados como joalharia, livros ou pinturas, mantêm o requinte de outros tempos, tornando estes locais em pequenas viagens ao passado...

 

 

Todas estas galerias comerciais encontram-se nos logradouros dos quarteirões maiores, e por isso, a luz foi aproveitada através de tectos abobadados em ferro e vidro, tornando este elemento a grande imagem de marca das Passages de Paris. De destacar também o chão, quase sempre bem decorado com mosaico colorido, e a referência quase óbvia, de que praticamente tudo se mantèm desde que foram construídas há 2 séculos atrás: dos candeeiros às fachadas das lojas...


 

Felizmente (ou não), estes pequenos centros comerciais não se enchem de multidões como os mega-shoppings dos subúrbios, ou mesmo os Grands Magasins aqui tão perto, mas há quem faça viagens a Paris para encontrar aqui uma eclética selecção de produtos que não se encontra em mais lado nenhum. É este factor que tem feito das galerias belos locais a manter, desde que na década de 1970 esforços foram unidos num processo de recuperação que parece não estar concluído ainda...


publicado por Nuno às 17:06

Estudantes do Institut Français d'Urbanisme

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