25 de Junho de 2012

É daqueles cantos de Paris pouco modificados pelo tempo. Concluída em 1685, no limite que separa o 1º arrondissement do 2º, esta pequena praça em formato circular perfeito tinha a exclusiva intenção de enquadrar urbanisticamente uma estátua de Luís XIV. Para isso foram construídas mansões sumptuosas em formas curvadas, e definidas seis ruas organizadas de forma irregular, provavelmente para evitar que a estátua pudesse ser avistada pelas costas.

 

 

Em 1792, os revolucionários destruíram a escultura de Desjardins, e uma sucessão de esculturas teve aqui lugar, variando conforme a vontade política; ora inspiradas em arte egípcia, ora estátuas de generais... Em 1822, Luís XIV volta porém à praça num formato completamente diferente do original, sem que a envolvente fosse sequer remodelada.  Hoje os arredores da Place des Victoires mais parecem um bairro medieval com ruas estreitas e grandes prédios. O carácter luxuoso das mansões ainda se mantém devido à presença de importantes empresas de moda.


publicado por Nuno às 16:40

Como o nome indica, este vasto edifício perto do Louvre já foi um palácio real, mas a história fez questão de modificar muitas vezes as suas funções... Do lado Norte do museu do Louvre fica a grande Place du Palais Royal; a fachada frontal do palácio que corresponde à largura da praça, é apenas o lado mais pequeno de um edifício que tem um comprimento de quase 400 metros, ocupados na maior parte por uma praça e um enorme jardim central, os únicos espaços completamente abertos a quem faz uma viagem a Paris...

 

 

A praça é hoje o símbolo do Palais Royal, pela instalação artística em 1980 dum conjunto de colunas listadas, da autoria de Daniel Buren, que criou na altura bastante polémica, hoje aparententemente esquecida. Muitos turistas vêm aqui só para tirar as habituais fotos de equilibrismo, para isso, precisam atravessar a Galerie des Proues, isto é, o corredor abrigado e formado por colunas clássicas que forma o primeiro piso do palácio. Em muitas partes do palácio, estas arcadas possuem lojas de arte e restaurantes finos...


 

Continuando a caminhar para Norte, chegámos ao Jardin du Palais Royal. Embora imenso, já chegou a ser bem maior antes da construção da fila de prédios que em 1784 fechou toda a zona. Este parque verde, criado em 1630, mantém a organização formal, acentuada pelas copas das árvores aparadas geometricamente, e pelo lago circular. Tudo muito parecido com os Jardins das Tulherias, até mesmo a presença de estátuas e alguns elementos artísticos mais modernos. No entanto, pelo seu estatuto quase privado, a tranquilidade que aqui se vive fez dos prédios em redor, as residências de excelência de individuadilidades como Jean Cocteau, ou Jean Marais.

 

 

A história deste conjunto arquitectónico é particularmente estranha. Foi o mítico Cardeal de Richelieu que em 1624 viu o seu Palais Cardinal ser concluído. Quando morreu, Richeliou deixou o palácio à família real, que assim mudou o nome para Palais Royal. Depois do rei Luís XIV ter crescido aqui, parte do edifício passou para as mãos dos Duques de Orleães, que fizeram questão de lhe atribuir a fama de local de festas luxuosas e de práticas moralmente duvidosas. Com a Revolução Francesa, o Palácio passou a ter variadas funções: além do jardim ter sido aberto ao público, o edifício passou a abrigar casinos e vários teatros...

 

 

Depois dessa fase, e antes do governo francês se apropriar do edifício, o Palais Royal um importanto centro de debate político e social, com um papel bastante importante na Comuna de Paris, isto é, no primeiro governo de carácter comunista da história... Hoje, e até pelas suas dimensões, cada ala possui a sua função. Depois de ter abrigado o Conselho de Estado, o Conselho Constitucional, e a Biblioteca Nacional, existe ainda aqui o Tribunal Constitucional, o Ministério da Cultura, e a sede da Comédie Française.


 

A Comédie Française fica no canto Oeste do palácio, virado para uma praça com o nome Théatre Français. Na verdade, este é o único teatro que ainda resiste dos vários que aqui existiram, mas é também dos mais importantes da cidade. Molière foi o seu maior ilustre, e não admira que uma das peças expostas na entrada seja a poltrona da qual o dramaturgo caiu, causando a sua morte. Para quem visita Paris através das viagens lowcost (pela TAP por exemplo), o Palais Royal é daqueles locais obrigatórios que muitos guias se esquecem de fazer referência, nem que seja pela sua localização muito central...

 

 

publicado por Nuno às 14:03

20 de Junho de 2012

A terceira e última parte do passeio por Butte-aux-Cailles (primeira parte e segunda parte) engloba uma zona já amplamente visitada no âmbito da nossa licenciatura. Na altura, essa visita de estudo acabou por ser bastante interessante na medida em que estas ruas estavam cobertas de neve, intensificando o carácter peculiar do bairro. Contudo, é numa tarde de primavera que mais se pode apreciar os tons coloridos das casas que ladeiam por exemplo a Rue Dieulafoy...

 

 

Na verdade todas estas casas que se situam a Este da Place de l'Abbé Georges Hénocque têm uma estrutura arquitectónica semelhante. Mas tal como acontece no resto de Butte-aux-Cailles, os proprietários desde cedo que sofrem de um sentimento de competição estética, tornando cada vivenda uma peça imprescindível no caractér único do bairro. Até mesmo quando as fachadas exibem pedra natural, como no caso da Rue Moulin-des-Prés, nada como colorir as janelas e as portas...


publicado por Nuno às 01:37

Segunda parte do percurso pelo grande bairro de Butte-aux-Cailles (ver primeira parte aqui). De La Petite Alsace fomos até à rua sem saída que se encontra mesmo em frente. O conjunto de casas que ladeiam esta estreita via, formam a Villa Daviel. A arquitectura de subúrbio destas vivendas são uma das imagens de marca de Butte-aux-Cailles, devido à identidade própria de cada fachada, mas sobretudo dos seus terraços ajardinados, como se de uma competição entre os moradores se tratasse. Ruas deste tipo podem ser vistas várias vezes pelo bairro...


 

Daqui passámos finalmente para a via mais importante de Butte-aux-Cailles, não só porque dá o nome ao bairro, mas porque é a mais central e liga 2 praças. Nesta rua há a destacar o restaurante mais famoso da zona, o Le Temps des Cerises, cuja gestão pertence a uma cooperativa com um historial de oposição política, mantendo o ambiente intelectual do espaço. Uma das praças é a Place de la Commune de Paris, local onde se deu uma sangrenta batalha em 1871, mas que hoje não é mais que uma pitoresca praceta triangular.


 

A outra praça é a Paul Verlaine, bem maior e o coração de Butte-aux-Cailles. Aqui salta logo à vista o grande edifício em Art Nouveau de 1924, que abriga um conjunto de 3 piscinas municipais! A praça é também conhecida pela fonte Albien, pelo facto de ser abastecida por um antigo poço com 580 metros de profundidade, representando um importante recurso gratuito para uma população que em tempos era muito pobre...

 

 

Da Paul Verlaine passámos para a Passage Vandrezanne, uma estreita rua calçada pedonal com antigos lampiões e coberta de vegetação. Ambiente rural que contrasta com as torres residenciais brancas que caracterizam a Avenue d'Italie, ali tão perto... É uma sensação estranha quando nos encontrámos nos limites de Butte-aux-Cailles, pela mistura arquitectónica que se equilibra nas ruas inclinadas, possibilitando fotos invulgarmente fantásticas. Vem à memória as paisagens-postais de São Francisco...


 

Atravessando a artéria principal denominada Rue de Tolbiac, chegámos ao extremo de ruralidade do bairro, a Square des Peupliers. Dentro de um quarteirão como todos os outros, existe uma pequena calçada em forma triangular e só acessível por um dos seus vértices. A vegetação que cobre esta rua é tanta, que mal conseguimos ver as pequenas casas que a única coisa que parecem querer é sossego, muito sossego...


 

Os lampiões antigos estão aqui, o pavimento calçado também, e o encanto de uma rua que deve conhecer o seu apogeu em manhãs cobertas de nevoeiro. A Square des Peupliers foi construída em 1926, e esta casas em tijolo cobertas de heras foram moda naquela época, mas o que mais admira, é o envelhecimento fantástico do local que em vez de deixar esta pequena vila em estado de degradação profunda, deu-lhe vida, valor e beleza...



publicado por Nuno às 00:01

13 de Junho de 2012

Antes de passar para a segunda e terceira parte do passeio pelo vilarejo de Butte-aux-Cailles, nada como apreciar uma amostra do sentido artístico que cobre muros e paredes deste peculiar bairro.

 

 

publicado por Nuno às 13:59

O que Butte-Bergeyre e Butte-aux-Cailles têm em comum, é o facto de serem autênticos vilarejos, aldeias construídas em colinas, dentro dessa enorme e densa cidade que é Paris. Se Butte-Bergeyre é pequeno, Butte-aux-Cailles ocupa grande parte do 13º arrondissement, e o seu sossego não tem atraído muito movimento, mantendo muitas das ruas e pracetas intocáveis durante séculos... Em 1783 foi aqui que aterrou o primeiro balão tripulado, e no século seguinte, ganhou o cunho de bairro proletário com grande influência na Comuna. Para iniciar o grande passeio por Butte-aux-Cailles, nada como partir do centro do arrondissement, a grande Place d'Italie.

 

 

Na rua Paulin-Méry, umas escadas marcam a entrada na colina e no bairro. Os grandes prédios vão sendo progressivamente substituídos por casas de poucos pisos e com fachadas rústicas e peculiares como o nº 5 com portadas lilazes. A seguir, uma sequência aleatória de ruas - Rue Gérard, Rue Samson e Rue des Cinq Diamonds - leva-nos a passar perto do centro da comunidade, com as suas tabernas, lojas especializadas (uma é dedicada só à Comuna de Paris), e até um teatro.


 

Porém, o extremismo rural está em cada esquina: a Passage Barrault é uma via calçada estreita com pequenas casas em estilo algarvio, umas cobertas de heras, outras a exibir as suas fachadas coloridas... Mas a exibir para quem?! Neste passeio, Butte-aux-Cailles parece uma vila abandonada do faroeste, e carros quase nem vê-los... Um dia mais tarde, quando todos pensarem que Paris já foi turísticamente explorada pela sua monumentalidade, esta ruralidade simples tornar-se-á património histórico, e os voos lowcost (Air Europa por exemplo) tratarão de fazer destas colinas destinos turísticos.


 

Chegando à rua Daviel, depois de percorrida a rua Barrault, as vias alargam, e a inclinação do terreno permite ver a cidade tal como a costumámos conhecer, como se tivéssemos feito uma nova viagem a Paris. Entre uma curiosa mistura de moradias modernas com antigas, a rua Davel é mais conhecida pela 'Petite Alsace', um dos primeiro quarteirões de habitação social, e que foi motivo de uma visita de estudo no âmbito do nosso curso de Urbanismo. É na verdade um quarteirão 'virado' para dentro, com pequenos chalés projectados para famílias numerosas, a ladearem uma praça comum só acessível por um pequeno túnel...


 

No mínimo, pitoresco...

publicado por Nuno às 13:50

04 de Junho de 2012

Existe um bairro caloroso a Norte da Promenada Plantée, e não muito longe da Praça da Bastilha. Apesar da arquitectura ser bastante típica, toda a zona foi alvo de recuperação há poucos anos atrás, atraindo assim muitos jovens que vêm aqui um bairro bastante completo, central, e muito, muito animado. Para essa animação muito contribui um dos principais mercados de Paris, o Marché d'Aligre. À segunda-feira até pode ser bastante tranquilo passear por aqui, mas em dia de feira as ruas pequenas enchem-se de gente de todas as origens, berrando e rindo como se não houvesse amanhã...

 

 

O Marché d'Aligre ocupa uma grande praça em forma de meio-círculo, com franceses, árabes e africanos a venderem roupas, velharias, flores, legumes e fruta. Principalmente nas velharias, encontra-se de tudo um pouco, e a malta empurra-se entre os caixotes espalhados pelo chão, para tentar ver tudo o que existe, sabe-se lá se uma raridade dos Pink Floyd não aparece... Já no mercado coberto, são as iguarias exóticas que atraem mais gente. O mercado acaba por invadir todas as ruas do bairro, que com as pequenas esplanadas, pintam em tons coloridos a cidade incrivelmente branca que é Paris.

 

publicado por Nuno às 03:16

A noite em que conhecemos melhor a zona Este dos Champs-Elysées era particularmente especial, era a Noite Europeia dos Museus, o que significa entrar gratuitamente em todos os museus do estado, e ter aí uma panóplia de actividades. Uma noite é pouco para participar em tudo, e em Paris, este evento é tão levado a sério que toda a cidade ganha um movimento nocturno raríssimo. Já que ao fim da tarde estávamos perto do Grand Palais, aproveitámos para ver o seu interior, algo que não é possível o resto do ano sem que se compre um bilhete para um espectáculo. E quando a lua deu de si, fomos até às traseiras do grande edifício para conhecer o Palais de la Découverte, um dos mais populares e antigos museus de ciência da cidade, e que particularmente esta noite, encheu-se de gente para ver as experiências mais impressionantes...

 



 

Acabámos por ficar especados a ver 'cientistas malucos' a ser atingidos por raios, e crianças a tremer de medo... O tempo foi passando e o Palais de la Découverte parecia um centro comercial ao domingo. Quando saímos, e já com pouco tempo para ver mais museus, fomos até ao Pavillon de l'Arsenal ver o que os nossos colegas de urbanismo tinham preparado. Não sem antes passar pela famosa Avenue Montaigne, uma das vias principais que liga os Champs Elysées ao Sena. Famosa porquê? É onde estão as lojas e ateliers de alta-costura da cidade. Mesmo fechadas, as montras iluminam com intensidade os manequins solitários, a ver se contagiam consumismo nos sem-abrigo, que por aqui possam encontrar um canto para dormir. Se o evento fosse durante o dia, a fome de conhecimento esmagaria a fome de comprar?...

 

publicado por Nuno às 00:47

Estudantes do Institut Français d'Urbanisme

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