Como o nome indica, este vasto edifício perto do Louvre já foi um palácio real, mas a história fez questão de modificar muitas vezes as suas funções... Do lado Norte do museu do Louvre fica a grande Place du Palais Royal; a fachada frontal do palácio que corresponde à largura da praça, é apenas o lado mais pequeno de um edifício que tem um comprimento de quase 400 metros, ocupados na maior parte por uma praça e um enorme jardim central, os únicos espaços completamente abertos a quem faz uma viagem a Paris...




A praça é hoje o símbolo do Palais Royal, pela instalação artística em 1980 dum conjunto de colunas listadas, da autoria de Daniel Buren, que criou na altura bastante polémica, hoje aparententemente esquecida. Muitos turistas vêm aqui só para tirar as habituais fotos de equilibrismo, para isso, precisam atravessar a Galerie des Proues, isto é, o corredor abrigado e formado por colunas clássicas que forma o primeiro piso do palácio. Em muitas partes do palácio, estas arcadas possuem lojas de arte e restaurantes finos...



Continuando a caminhar para Norte, chegámos ao Jardin du Palais Royal. Embora imenso, já chegou a ser bem maior antes da construção da fila de prédios que em 1784 fechou toda a zona. Este parque verde, criado em 1630, mantém a organização formal, acentuada pelas copas das árvores aparadas geometricamente, e pelo lago circular. Tudo muito parecido com os Jardins das Tulherias, até mesmo a presença de estátuas e alguns elementos artísticos mais modernos. No entanto, pelo seu estatuto quase privado, a tranquilidade que aqui se vive fez dos prédios em redor, as residências de excelência de individuadilidades como Jean Cocteau, ou Jean Marais.



A história deste conjunto arquitectónico é particularmente estranha. Foi o mítico Cardeal de Richelieu que em 1624 viu o seu Palais Cardinal ser concluído. Quando morreu, Richeliou deixou o palácio à família real, que assim mudou o nome para Palais Royal. Depois do rei Luís XIV ter crescido aqui, parte do edifício passou para as mãos dos Duques de Orleães, que fizeram questão de lhe atribuir a fama de local de festas luxuosas e de práticas moralmente duvidosas. Com a Revolução Francesa, o Palácio passou a ter variadas funções: além do jardim ter sido aberto ao público, o edifício passou a abrigar casinos e vários teatros...



Depois dessa fase, e antes do governo francês se apropriar do edifício, o Palais Royal um importanto centro de debate político e social, com um papel bastante importante na Comuna de Paris, isto é, no primeiro governo de carácter comunista da história... Hoje, e até pelas suas dimensões, cada ala possui a sua função. Depois de ter abrigado o Conselho de Estado, o Conselho Constitucional, e a Biblioteca Nacional, existe ainda aqui o Tribunal Constitucional, o Ministério da Cultura, e a sede da Comédie Française.




A Comédie Française fica no canto Oeste do palácio, virado para uma praça com o nome Théatre Français. Na verdade, este é o único teatro que ainda resiste dos vários que aqui existiram, mas é também dos mais importantes da cidade. Molière foi o seu maior ilustre, e não admira que uma das peças expostas na entrada seja a poltrona da qual o dramaturgo caiu, causando a sua morte. Para quem visita Paris através das viagens lowcost (pela TAP por exemplo), o Palais Royal é daqueles locais obrigatórios que muitos guias se esquecem de fazer referência, nem que seja pela sua localização muito central...


