É incrível, mas o Museu do Louvre não ocupa todo o edifício gigantesco que vai dos Jardins das Tulherias à Passerelle des Arts. A ala mais Noroeste é ocupada por outro museu, denominado oficialmente de Musée des Arts Décoratifs. Ainda assim, esta secção ocupa 5 andares e mais de 100 salas... O conceito é bastante simples: num percurso muito bem definido pela direcção do museu, acompanha-se a evolução da arte decorativa e ornamental da Idade Média até à actualidade.
Arte decorativa, sobretudo antiga, é daquelas coisas que para quem viva em Paris chega a fartar, tantos são os museus, lojas e mercados especializados nisso! Por isso, o que saltou mesmo à vista mal entrámos, foi uma grande exposição temporária dedicada à Playmobil. Sempre preferi brincar com Legos do que com Playmobil, mas esta exposição passou os limites do interessante, tantos eram os bonecos, veículos e casas que cobriam várias salas do museu...
A seguir veio porém o inevitável, peças e mais peças, ora em Arte Nouveau, ora em Art Déco, nada que já não víssemos nas antigas mansões que estão por essa cidade fora. Mas há sempre momentos de surpresa, como a colecção de bonecas de porcelana, ou objectivos muito pequenos como pentes ou jóias. Chegados ao úlitimo nível, fomos confrontados com a arte decorativa de último grito, ou de última geração por assim dizer. A evolução é no mínimo surreal, e parece não ter havido espaço para regresso ao passado. Da elaboração exagerada, passou-se à simplicidade funcional. Chamar arte a esta última é discutível...
Mas maravilhoso foi mesmo estar no último andar, olhar pela janela e ter uma das melhores perspectivas da cidade. De um lado, os Jardins das Tulherias a servir de repouso a centenas de pessoas que aproveitavam a tarde solarenga; do outro lado a belíssima rua de Rivoli, com as suas arcadas a conduzirem-nos num horizonte infinito que apenas termina nos arranha-céus de La Défense... Isto sim é arte...