29 de Agosto de 2012

Continuação do percurso pelos confins de Montmartre, provavelmente o bairro mais enigmático de Paris, pelo seu ambiente descontraído, libertário, boémio, e cultural, tão diferente da monotonia haussmanniana de régua e esquadro e da monumentalidade divina do resto da cidade... Aqui de monumentalidade divina só mesmo a basílica de Sacré Coeur, e é para lá que caminhámos. Chegados à rue de Saules, avistámos a basílica pela estreitíssima rua Saint-Rustique, mas decidimos fazer um desvio para sul para conhecer o Espace Dalí Montmartre na rua Polbot. É um museu com 330 obras iluminadas por luzes em movimento! Um mimo surrealista...

 



De volta às ruas estreitas com a cúpula da basílica ao fundo - provavelmente a imagem mais repetida nos postais de Montmartre -, caminhámos em direcção à igreja St-Pierre de Montmartre. É uma igreja que fica literalmente na sombra de Sacré Coeur, é pequena e simples, mas no entanto muito simbólica. Foi consagrada em 1147 e é por isso uma das mais antigas de Paris. O facto de ter sido construída no local onde existia um templo romando dedicado a Marte, originou um simbolismo sagradíssimo que acabou por ser usado na lenda de Saint-Denis. Algumas das colunas desse templo podem ser vistas no interior...



 


Em frente a esta pequena igreja, fica a praça mais importante e popular de Montmartre, a Place du Tertre. É também a mais elevada de Paris, facto que nada interessa, comparado com o antigo local de execuções que se tornou no século XIX um museu ao ar livre, pois era aqui que os artistas da colina expunham as suas obras. Hoje essa função mantém-se, e juntamente com os restaurantes icónicos, a praça tem um intenso e constante movimento de pessoas. E por falar nos restaurantes, destaque para o La Mère Catherine de 1793, onde surgiu o termo Bistro que designa o típico café parisiense, mas é na verdade 'rápido' em russo (conta-se que na invasão russa, os cossacos vinham para aqui gritar "Bistro" o tempo todo).






Da Place du Tertre, iniciámos um passeio pela encosta Norte de Montmartre. É menos turística, mas possui lugares fantásticos, que definem muito do carácter do bairro. Um deles é o Museu Montmartre que fica numa das maiores mansões da zona, já que todas as casas são bem pequenas. Foi nesta mansão branca com um belo jardim, que viveu o actor Rosimond, que juntamente com Molière, morreu durante a peça de teatro 'O Doente Imaginário'. Antes que se tornasse um museu dedicado à história de Montmartre, serviu ainda de estúdio a vários artistas, incluindo Renoir.


 


Virando para a rua de Saules, as casas típicas da encosta Sul começam a dar lugar a bonitas moradias antigas cobertas de heras, lembrando os vilarejos franceses. Aliás, esta zona, mais isolada do movimento turístico de Montmartre, chega a parecer em muitos aspectos os bairros de Butte-aux-Cailles e Butte-Bergeyre. Desta rua avista-se as últimas vinhas de Paris. São as únicas ainda existentes, e por isso em Outubro, o começo das vindimas é aqui motivo para uma grande festa...




Seguindo para Oeste, damos com o famoso Au Lapin Agile. Já se chamou Cabaret des Assassins, mas a famosa pintura da autoria do humorista André Gill, com um coelho a fugir do tacho, acabou por alterar a denominação deste clube nocturno. Muito famoso por ter sido ponto de encontro de muitos intelectuais, e de muitos artistas armados em intelectuais. Há um episódio que me fascina particularmente: o romancista Dorgelès, farto da fama da arte moderna, e das discussões com artistas como Picasso, resolveu pregar-lhes uma partida, e amarrando um pincel à cauda de um burro, pegou nos rabiscos e expôs a tela numa galeria, com o nome 'Pôr-do-Sol no Adriático'! Ninguém deu por ela...


 



Para a semana há mais sobre Montmartre...

publicado por Nuno às 00:43

27 de Agosto de 2012

Montmartre é um mundo. Montmartre não é Paris, Montmartre é Montmartre, uma vila única que calhou de estar dentro dos limites da capital de França. Se fosse uma cidade isolada, Sacré Coeur seria o monumento principal, Place du Tertre a praça central, e a muralha andaria pela Boulevard de Clichy, Rochechouart, e Périphérique. Teria um cemitério e a economia principal seria a pintura. É por isto que depois de ter falado sobre esta zona mítica aqui, seguem-se agora não um, não dois, mas três artigos, que formam um percurso pelas ruelas da colina de Montmartre.

 


As primeira fotos são no entanto do quarteirão a sul da Boulevard Clichy. O percurso começa na Place Pigalle, uma das mais movimentadas da avenida, e segue pela rua Prochot. Neste bairro, há edifícios para todos os gostos, pois ficam numa zona entre a arquitectura autoritária parisiense, e o mundo sem regras de Montmartre. Já na esquina com a rua Victor Massé, existe um portão para uma rua privada ladeada por chalés do século XIX e muito arvoredo. É a misteriosa Avenue Frochot, uma via que não vem nos mapas, com um acesso super exlusivo, e que alimentou lendas urbanas durante décadas. Hoje cada casa vale 74% mais que o preço médio de uma habitação em Paris!




De notar também que no nº25 da rua Victor Massé, morou Van Gogh e o seu irmão em 1886. Mas era a Avenue Frochot que nos deixava mais curiosos, então ao procurar o outro extremo da rua para ver se lá conseguíamos entrar, reparámos que na Place Pigalle existe um pequeno muro coberto de anúncios: nada feito! Siga para a Boulevard de Rouchechouart. Esta é uma das avenidas que limita Montmartre. Esta sequência de boulevards é característica pelo seu largo separador central, onde cabem jardins, quiosques e wc's. Por entre as árvores podemos admirar porém algumas fachadas antigas, sobretudo de teatros. Antes do Moulin Rouge, era o Elysée Montmartre quem fazia as delícias do povo...



Nesta Boulevard, basta olhar pelas pequenas ruas transversais com direcção a Sacré Coeur para se perceber o movimento impressionante de pessoas que se amontoam, ou em lojas de lembranças turísticas ou para admirar as fachadas das lojas e bares peculiares do bairro. Acabámos por escolher a rua Steinkerque para aceder à praça Charles Dullin, onde fica o Théâtre de l'Atelier, um dos muitos que fazem de Montmartre o local mais artístico e boémio de Paris. Continuando em direcção a Oeste, vamos ter à segunda praça mais importante da colina. É na Place des Abesses que fica a mais famosa entrada de metro da autoria de Guimard, e que fica a original igreja St-Jean l'Évangéliste.



Com uma estação de metro em Art Nouveau, a igreja só podia ser em Art Nouveau, o que não é assim tão comum quanto parece. Foi a primeira ser construída em betão armado, e a decoração é toda ela baseada em azulejos coloridos que contrastam com o tijolo vermelho por que é conhecida. O betão armado permitiu que as estruturas interiores fossem finos arcos com motivos florais, assim como os vitrais. Igreja mais psicadélica que isto não há... Não muito longe daqui, na rua Yvonne-Le-Tac, fica uma capela também ela importante, pois foi construída para marcar o sítio onde Saint-Denis foi supostamente decapitado (para mais pormenores sobre a lenda, basta clicar neste artigo sobre a vila onde habitamos)



A Norte da Place des Abesses existe um jardim relativamente escondido com um interessante mural em azulejo. Aqui a expressão 'Amo-te' está escrita em todas as linguagens, segundo dizem. Se Paris é a cidade do amor não sei, mas Montmartre deve ter sido o sítio onde mais relações se fizeram... e desfizeram, ou não estive aqui tão perto o 'red light district' da cidade. É provável que este mural estivesse mais para ser chamado muro das lamentações. "Aimer c'est du desordre... alors aimons!" (o amor é a desordem ... então amemos!) Continuando a Oeste para a rua Ravignan, vamos dar a outra pequena praça, esta conhecida pelas suas perspectivas bem aproveitadas por esplanadas.



Da Place Émile Goudeau, podemos ter uma bela noção da arquitectura desnivelada a pitoresca da colina. A entrada do Le Bateu Lavoir fica nesta praça; trata-se dos estúdios de artistas mais importantes de Montmartre (onde residiu Picasso por exemplo). Inspiração não deve faltar, nesta praça tão panorâmica quanto cinematográfica.

"Estaremos afinal num simples cenário?"

"Como é que aquele candeeiro e aquele gato estão ali?"

"Já vi este postal em qualquer lado..."




Subindo a colina, aproximámo-nos do centro de Montmartre, com restaurantes e lojas de artes cada vez mais icónicas. A última foto é do Auberge de La Bonne Franquette, um dos mais antigos restaurantes da colina. Mas mais nos espera na segunda parte do percurso. À tout de suite...

publicado por Nuno às 23:28

20 de Agosto de 2012

Continuando a visita pelo centro histórico de Basel, recomeçámos num mítico local da cidade, provavelmente o melhor para se apreciar as margens do rio Reno. São as traseiras da catedral vermelha, e até existem por aqui aqueles monóculos de moedinha. Do outro lado do rio está Kleinbasel, entendida como 'a pequena Basileia', e a ponte mais próxima para o atravessamento é a Mittlere Brücke, a mais antiga da cidade, que não só consegue suportar o eléctrico, como ainda suporta as não menos pesadas bandeiras do campeão nacional de futebol Basel FC.

 


Para conhecer a outra metade da cidade, tivemos de descer a colina que nos separa da ponte. As ruas estreitas e serpenteadas, e as fachadas em madeira fazem crer que este seja dos bairros mais antigos de Basel. Mais uma vez, uma sociedade desenvolvida é isto: num dos bairros mais antigos da cidade está localizada uma loja especializada em... ...preservativos. Chama-se Condomeria, e tem objectos para todos os gostos, uma autêntica pérola. Atravessando o Reno, uma via principal apinhada de lojas e movimento, leva-nos até ao edifício mais alto da Suíça, o Messeturm.


 


Ainda acerca do Messeturm, a praça que serve esta torre de escritórios ficou mundialmente conhecida por ter tido um WC público, em que as paredes eram vidro transparente (de fora não se via nada, estejam descansados). No nosso segundo dia, o nevoeiro deu lugar a um céu totalmente azul, e aproveitámos para conhecer a zona sul da cidade, sobretudo os arredores da enorme estação de comboios. À noite, fomos até aos limites da cidade para pisarmos o ponto em que França, Alemanha e Suíça se tocam. Tríplices fronteiras é o que não falta por esse mundo fora, mas em Basel é particularmente curioso, pois existe livre circulação entre França e Alemanha, circulação condicionada entre Suíça e Alemanha, mas não entre a Suíça e a França. Como resolver isto?



Aparentemente fácil. Este ponto marcado por um monumento com 3 asas que simbolizam as fronteiras, está localizado numa mini-península, só acessível por terra pelo lado suíço. Ora, mesmo em frente ao monumento, em pleno rio Reno, existe uma ponte pedonal que liga os outros 2 países. Já no aeroporto de Basel, que serve os 3 países, existem 3 saídas, cada uma com o seu parque de estacionamento e com a sua estrada. Passando o controlo de passaportes não há como ir tomar um café à secção francesa do aeroporto! Os suíços têm fama de cuidadosos, e o cúmulo dos cúmulos é mesmo a obrigação de ter um bunker nuclear em todas as habitações, inclusive no prédio recente onde mora a minha tia...



Já cansados do movimento urbano de Paris, e do centro de Basel, os dias restantes foram passados a usufrir das paisagens verdejantes da Suíça. Mas nem é preciso ir muito longe. Ficámos alojados em Binningen, nos súburbios de Basel, e logo ali estamos rodeados de bosques e campos a perder de vista, com trilhos, quintas, cavalos, e vacas, muitas vacas, mas nenhuma delas dava leite achocolatado... Eu e a Vânia pegamos nas trotinetes dos meus primos e explorámos esses trilhos. Estes bosques de Binningen são conhecidos pela presença de dezenas de esculturas animalescas feitas de madeira, que se confundem facilmente na natureza. Encontrá-las todas é um desafio impossível...



Longe de Basel, visitámos ainda Chasseral, uma montanha com 1 607 metros de altura, a mais alta da Suíça a seguir aos Alpes. É tão alta que ainda existem pequenas zonas com neve; só isso explica as fotos em que estamos de t-shirt no meio da neve. Este local é dos mais turísticos da Suíça, uma das razões, além da reserva natural, é a vista sob os 3 lagos de Neuchâtel, Biel e Murten. A antena gigante, essa tornou-se imagem de marca acidental. Em direcção a Tune, despedimo-nos do melhor que a Suíça tem para nos dar, esta paisagem tão paradísiaca quanto um pedaço de areia e mar, algo que não vemos há muito, muito tempo...


publicado por Nuno às 23:20

Esta experiência Erasmus tem sido divida apenas entre o estudo e conhecer a cidade de Paris, não sobrando tempo nem para conhecer outras cidades francesas. Mas já que estamos no 'centro' da Europa, há que aproveitar cada oportunidade para uma escapadela além-fronteiras. Foi assim com a visita de estudo a Turim, e agora, em plena época de exames, com a visita à tia que mora em Basileia. Como bons portugueses que somos, fomos à pasteleria mais portuguesa de Paris comprar uma pequena caixa de pastéis de belém - era o primeiro requisito para termos onde dormir na Suíça -, e lá arredámos pé até ao aeroporto de Orly, para apanhar o voo da Air Europa...

 


O nevoeiro intenso cobria a cidade de Basel. Apesar de já cá ter vindo algumas vezes, não me canso de logo no primeiro dia ir caminhar pelo centro histórico e visitar os maiores símbolos da cidade. A Marktplatz, isto é, a praça central, é famosa pelo seu mercado diário de legumes e flores, mas sobretudo por servir o magnífico edifício da Câmara Municipal, chamado de Rathaus. Depois de muitos meses habituados aos tons brancos e acizentados de Paris, o efeito surpresa desta colorida arquitectura tão diferente mas tão próxima, é intensificado.


 

Os tons avermelhados e as formas góticas são pormenores interessantes, mas o mais impressionante da Rathaus é mesmo as pinturas detalhadas que cobrem cada canto... Fachadas exageradamente decoradas (e interiores como o caso do edifício dos correios) é o que não falta no centro de Basel, característica aliás da antiga arquitectura germânica, porém, praticamente todos os edifícios se encontram muito bem conservados. Preconceitos à parte, uma sociedade desenvolvida é também isto: um centro histórico bem cuidado com poucos automóveis, muitas vias pedonais, e bicicletas, muitas bicicletas...

 


Basileia é considerada a capital cultural da Suíça, e apesar de ser a terceira maior em termos de população, continua a ser uma cidade globalmente pequena, o que nos permite conhecer a zona histórica em pouco tempo. No entanto, a sua localização previligiada, ou seja, entalada entre a França e a Alemanha, fez dela um local historicamente e economicamente importante. Hoje é sede das principais empresas farmacêuticas da Europa, e isso nota-se com a presença de alguns monstros arquitectónicos modernos que aqui e ali vão distorcendo a paisagem que acompanha o rio Reno.





Continuando o nosso passeio pelo centro, chegamos a uma famosa fonte da autoria de Jean Tinguely. As estruturas metálicas que brincam com a água fazem lembrar a fonte Stravinski junto ao Centro Pompidou de Paris; não admira, pois o criador é exactamente o mesmo. Esta fonte fica perto da terceira igreja mais importante da cidade, e por isso lá entrámos com o objectivo de usufruir das vistas da torre. Ora, uma sociedade desenvolvida é também isto: o interior desta igreja é utilizado para concertos, discoteca, e ainda possui um bar! Cá em cima, o nevoeiro permitiu-nos boas fotos do skyline de Basel.



É realmente uma cidade assumidamente medieval, bem mais semelhante à cidade do Porto, mas com algo único: os longos telhados bicudos, os únicos capazes de evitar a acumulação de neve, e permitir belos postais de Inverno ao mesmo tempo. O maior símbolo arquitectónico da cidade é também uma igreja e data do século XIV. A avermelhada catedral de Basel está assente numa alta encosta junto ao rio Reno, e por isso, as suas torres já de si altas, podem ser vistas desde os confins da cidade. Inicialmente uma catedral católica, hoje é uma igreja protestante em processo de reabilitação, o que infelizmente condicionou a nossa visita...



As traseiras da catedral ainda se mantêm como o melhor miradouro da cidade (ou será mirareno?). Mas isso fica para a segunda parte deste saltinho a Basel...

publicado por Nuno às 21:11

13 de Agosto de 2012

Um pouco a Norte de Les Halles fica este bairro com um intenso movimento comercial, muito à custa da presença de lojas ligadas à moda. Esta rua não é pedonal, mas as transversais são, e o ambiente é muito semelhante à rua de Santa Catarina no Porto. Estou a falar particularmente da Rue Montorgueil e da Rue Française que dão continuidade à zona pedonal que rodeia Les Halles. Na verdade ficámos admirados com a quantidade de gente que por aqui circula, visto que não é das zonas mais famosas da cidade...

 

 

Viemos aqui ter por outras razões ligadas a pequenos edifícios históricos. Um deles fica exactamente no nº20 da Étienne Marcel e chama-se Tour de Jean Sans Peur. Esta torre fortificada foi erguida pelo duque de Borgonha, mais conhecio por João Sem Medo, que ironicamente, com medo de vingança depois de ter mandado assassinar o seu primo, duque de Orleães, em 1408, mandou construir esta torre junto ao seu palácio. Assim, mudou o seu quarto para o quarto andar, tendo que subir uns 140 degraus, provavelmente todos os dias... O palácio esse, já não existe.

 

 

No cruzamento com a Boulevard de Sébastopol, a Étienne Marcel passa a chamar-se Rue aux Ours, e depois Rue du Grenier Saint-Lazare, mas sempre com o mesma vivacidade do comércio. Na rua paralela a esta, isto é, Rue de Montmorency, fica aquela que é considerada a casa mais antiga da cidade, pois data de 1407. A ser mito, o que é certo é que foi aqui no nº 51 que viveu o alquimista Nicolas Flamel, ou o grande 'criador' da pedra filosofal. Mas parece que no fim de contas foi o edifício que tomou o elixir da imortalidade...

 

publicado por Nuno às 20:47

Para mim será sempre um OVNI pousado junto a Les Halles, para o maior escritor francês Victor Hugo, era um simples boné jockey inglês. À parte de existir poucos edifícios circulares em Paris, o mais interessante é mesmo a cúpula ser tão alta quanto os dois pisos que formam a Bourse du Commerce, deixando curiosos quem percorre os arredores. Vamos lá ver então o que se passa ali dentro... Foi construída no século XVIII no lugar do Hôtel de Soissons, que embora fosse um palácio real, acabou com a função de bolsa de Paris.

 


Dos tempos do antigo palácio, ficou a coluna de Médici de 31 metros de altura. Inicialmente o edifício foi projectado para abrigar a bolsa de cereais, hoje abriga a Câmara do Comércio e Indústria de Paris, que trabalha sob uma fantástica cúpula pintada. Curiosamente, a cúpula era aberta, mas tendo em conta a preservação dos cereais, acabou por ser fechada com vidro. Destaque para a arquitectura literalmente circundante, onde os edifícios, com as suas colunatas acompanham a via circular, muito à semelhança da Place des Victoires.


publicado por Nuno às 15:47

10 de Agosto de 2012

Les Halles é para muito boa gente a grande praça central de Paris, pelo simples facto de abrigar no seu subsolo a principal estação e plataforma de transportes públicos. Châtelet-Les Halles é onde grande parte das linhas de metro e RER se cruzam, resultando num gigantesco labirinto de corredores e tapetes rolantes. A grande área que liga as estações RER a esse labirinto tem as suas saídas por este jardim-praça de Les Halles. Porém neste dia chegámos a pé, mais concretamente pela histórica rua Saint-Honoré.


 

 

Todo o bairro circundante ao jardim mantém alguns traços medievais, e não admira que nas pequenas ruas que ligam Saint-Honoré a Les Halles, existam restaurantes e bares de renome. Um deles é o Bistrot d'Eustache, quase todo revestido em madeira, que é bastante conhecido pelas noites de Jazz e pelos seus pratos tradicionais franceses. Pela pequenez da minha carteira, fico-me a admirar as belas fachadas. Na verdade, o jardim e o centro comercial que formam o quarteirão de Les Halles, parecem ser o que de mais moderno existe por aqui, mas não foi sempre assim...

 


Neste quarteirão existia um grande mercado de carnes, frutas e legumes, que levou Émile Zola a denominar esta zona de 'ventre de Paris'. No entanto, em 1960, problemas de tráfego sobretudo, levaram a que o mercado fosse movido para os súburbios, à semelhança do que acontece com outras feiras alimentares. Passados 20 anos, a mítica estrutura que abrigava o mercado foi substítuida pelo horrível centro comercial, o que gerou forte contestação. Actualmente, o estado de degradação do quarteirão parece ter dado razão ao povo...

 



Ainda assim, vale a pena percorrer o parque de Les Halles, nem que seja para aproveitar a bela perspectiva de alguns monumentos antigos como a fantástica Igreja de St-Eustache, e a Bourse du Commerce, cuja forma faz lembrar um OVNI a acabar de aterrar. Do centro comercial pouco restará para conhecer, a não ser o Forum des Images, e o seu importantíssimo espólio de cinema e televisão maioritariamente parisiense. É bom saber que uma grande remodelação de Les Halles, pelas mãos de David Mangin, está em curso, e pretende devolver o mercado, assim como modernizar a mega-estação ferroviária.

 

publicado por Nuno às 15:04

07 de Agosto de 2012

Apesar de ser considerada uma jóia da arquitectura gótica, esta igreja foi das que mais evoluiu com o tempo, através de sucessivos restauros e reconstruções. O mais impressionante quando se chega é não saber onde está de facto a igreja, isto porque a Mairie do 1º arrondissement foi construída com uma fachada semelhante, ainda que com elementos mais recentes. Ora, os dois edifícios estão lado a lado, separados por um jardim, mas ligados por uma arcada que lhe dá acesso, e cujo centro é uma fantástica torre gótica.

 



As primeiras fotos são portanto da Mairie, e as seguintes da igreja. O primeiro edifício associado a este templo data dos tempos dos merovíngios, isto é, lá para o século IX, mas a sua forma actual só foi adquirida em 1580. A igreja possui uma localização prestigiante, pois se juntamente com a Marie representa o centro do arrondissement, em termos geográficos, está no ponto mais central da cidade de Paris. Este facto explica os fantásticos arredores: Museu do Louvre no outro lado da rua, o Sena a Sul, e Les Halles a uns quarteirões a Norte. Não admira que fosse a igreja favorita da família real durante séculos...




Infelizmente a igreja Saint-Germain l'Auxerrois, em vez de conhecida pela sua mistura de elementos decorativos de variados estilos, tem a História francesa a denegrir a sua imagem devido ao massacre da noite de São Bartolomeu. Os crimes cometidos pela igreja católica são imensos, mas este é particularmente simbólico, por ter incluído a morte de milhares de protestantes huguenotes, quando estes faziam uma viagem a Paris para assistir ao casamento de D. Henrique de Navarra. Conta-se que durante o massacre, os sinos tocavam sem parar abafando os gritos...



O interior colorido disfarça as memórias negras. Nada como voltar para o exterior e sermos distraídos pela monumentalidade do Louvre, o perfeito ritmo arquitectónico da Rue de Rivoli, ou o movimento comercial dos densos quarteirões que se sucedem nas traseiras da igreja. Muito desse movimento deve-se à presença das míticas galerias La Samaritaine, que mesmo em fase de remodelação, têm as suas fachadas Art Nouveau de 1926 a não deixarem ninguém indiferente...


publicado por Nuno às 01:25

Estudantes do Institut Français d'Urbanisme

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