A Place d'Étoile ou Place Charles de Gaulle, é uma grande placa de rotunda localizada na junção de três arrondissements (o 8º, o 16º e o 17º), onde se encontram 12 avenidas (quase todas com nomes de generais), dispostas esquematicamente de forma muito regular. Esta regularidade foi ideia do urbanista-engenheiro Haussmann, como quase tudo que está geometricamente disposto em Paris. A rotunda é tão larga, que não existem linhas no chão para guiar os automóveis. Atravessar a rotunda é impossível, para os mais preguiçosos vale a rede de túneis em baixo da praça que dão acesso à estação de metro/RER, e ao Arco do Triunfo, e com as respectivas saídas nas avenidas... A avenida mais importante é os Champs Elysées, na qual se realizam os cortejos nacionais que terminam no Arco.
Clicar na imagem do meio para ver a perspectiva das 12 avenidas no cimo do Arco do Triunfo.
Vamos então para o Arco do Triunfo. Para lá chegar é necessário passar obviamente por baixo da rotunda. Existe um túnel que atravessa toda a praça desde a Avenue de la Grande Armée até à Avenue des Champs Elysées, e é a meio desse túnel que está a bilheteira, e a respectiva passagem para a praça.
Na primeira vez que fomos ao Arco do Triunfo, a ideia era chegar ao fim do dia para ter vistas espectaculares com o pôr-do-sol. Na verdade o que acontece é que, apesar de ser porreiro ver de dia toda a paisagem a 360 graus, por outro lado, distinguir as 12 avenidas através da iluminação nocturna, diz-se que é também espectacular...
Mas bem, lá subimos então ao Arco, pelas escadas tão típicas nos monumentos de Paris. Só ver as escadas já cansa, mas vale sempre a pena...
Mas que é que este momumento dedicado à maior futilidade do ser humano tem de especial? Essa mesma futilidade, chamada guerra, deu-lhe muita história, mas já lá vamos...
Há cerca de 200 anos atrás, após uma vitória na batalha de Austerlitz, Napoleão diz aos seus soldados que eles "só voltarão ao lar sob arcos de triunfo". Da sua paixão pela Antiguidade Romana (tinha a mania que queria ser como um imperador romano), nasce este arco... Todavia, com o tempo, ele passou a ser usado para imensas coisas, nomeadamente diversos tipos de manifestações nacionais, mas nunca perdendo o seu significado de guerra. O maior exemplo disso, é o tributo ao chamado 'Soldado Desconhecido' que simboliza todos os mortos pela pátria... Um dos elementos desse tributo, é uma chama na base do Arco, reacendida todos os dias ao fim da tarde, por antigos combatentes. No dia em que lá fomos, pudémos ver a cerimónia, que contém muita simbologia, e nota-se bem a importância que os soldados dão àquele momento (matam, e depois honram os mortos, infelizmente a sociedade parece não ter evoluído lá muito...).
Existe um piso intermédio no interior do Arco, onde podemos conhecer, através de vídeos e alguns dispositivos engraçados, a história do Arco do Triunfo, todos os arcos existentes no mundo (inclusive o do Terreiro do Paço em Lisboa), e as informações detalhadas de cada escultura, entre outras coisas...
A 50 metros de altura, chegámos então ao terraço, e as vistas são de facto impressionantes, pois a praça fica num dos pontos altos da cidade, e o efeito-relógio das 12 avenidas é muito interessante. Chegando a noite, é possível distinguir desde logo os Champs Elysées, pela circulação intensa dos automóveis num jogo de luzes branco e vermelho, o bairro de La Défense, e claro, a Torre Eiffel. A forma aleatória como os carros circulam na rotunda também é bem perceptível...
Voltando à base do Arco, tempo para contemplar as magníficas esculturas, principalmente a dos maçudos pilares. O destaque vai para um alto-relevo duma mulher com asas, representanto o espírito da liberdade, que incita o povo ao combate (sim, é hipocrisia política, mas devemos centrar-nos no aspecto artístico...). Já sob o Arco, diversas inscrições nos pilares registam as batalhas e os generais das guerras levadas a cabo pela França durante a Revolução e sob o Império. No meio de tanta letra, é possível ver 'Porto', 'Rio Douro' e 'Portugal'...