O museu mais visitado do mundo (mais de 8 milhões de pessoas por ano) fica aqui em Paris, ocupando cerca de 700 metros da margem a Norte do Sena. Mais do que um museu, o Louvre é um enorme complexo arquitectónico que foi sendo construído, destruído, e reconstruído desde há mais de 800 anos para cá, representando um peso importantíssimo na história da cidade... Para muitos o centro de Paris é aqui, representando o 1º arrondissement, enquanto a Mairie (Município) fica no 4º arrondissement!
Tudo começou com uma fortaleza chamada 'Castelo do Louvre', e mandada construir pelo rei Filipe Augusto para proteger a cidade dos Vikings. Desde aí, foi sendo modificada, sobretudo aumentada com o tempo, para se tornar palácio real, e mais tarde um museu, aberto ao público em 1793 (é possível visitar as bases das torres da fortaleza, numa das salas mais baixas do museu). As dimensões do edifício eram tão grandes, que o Louvre não só incluía museus, como alguns ministérios. A última grande modificação foi precisamente nos anos 80 quando os ministérios foram transferidos para outro local, iniciando um grande projecto de expansão e modernização do Museu do Louvre, simbolizado pela Pirâmide de vidro da autoria de I.M. Pei, que acabou finalmente com o grande problema das entradas no museu, e nas suas diversas secções.
Graças a este projecto de ampliação, a grande pirâmide de vidro localizada no Cour Napoleón (o pátio maior e mais central entre os 7 que estruturam o complexo) permite a passagem do exterior para uma vasta galeria subterrânea iluminada pelo conjunto de pequenas pirâmides de vidro que acompanham a maior. Esta galeria, além de conter espaços comerciais, bares, e os habituais serviços dum museu, facilita e organiza o impressionante fluxo de pessoas que passam duma galeria a outra. O Museu do Louvre que apesar de tudo não chega a ocupar todo o edifício, contém 4 grandes secções abertas a qualquer público, e são: a Pintura Europeia (1200 a 1850), a Escultura Europeia (1100 a 1850), Antiguidades Orientais, Egípcias, Gregas, Etruscas e Romanas, e os 'Objects d'Arts' (as pequenas peças desde joalharia a porcelanas).
É de facto impossível visitar todo o museu num dia ou dois, dadas as suas dimensões, e a quantidade de obras que não pára de aumentar desde a pequena colecção inicada por Francisco I (século XVI). A maior parte dos visitantes quer ver sobretudo a Mona Lisa do Leonardo da Vinci, e por isso não admira que a Pintura Europeia seja a secção mais congestionada.
Cada corredor, cada hall, cada parede, cada tecto, e até mesmo cada chão, são ou contêm arte no seu estado mais puro e histórico. Infelizmente o deslumbramento não consegue esconder o cansaço ao fim de algum tempo, e existem bancos e sofás ao virar da esquina.
Chegar à sala onde se encontra a Mona Lisa não é fácil, ainda assim, as indicações são claras, e fazem as pessoas desejar incessantemente por ver a pintura, preparando já a máquina fotográfica... Chegado à tão esperada sala, a quantidade de pessoas a tirar fotos cobrem por completo uma pintura que é tão incrivelmente pequena! Seguranças e um grande perímetro de segurança não impedem que as pessoas se amontoem para tirar fotos e ainda façam o exercício habitual de confirmar se os olhos da Gioconda as seguem para todo o lado... Exactamente no lado oposto da sala, um enorme quadro cobre toda a parede, represantando pormenor e simbologia que enchem de orgulho qualquer francês, mas poucos visitantes o notam. Tirada a foto desejada, resta procurar a saída o mais rápido possível, acabando com a sensação claustrofóbica de estar dentro dum shopping durante todo o dia.
Mas não é fácil sair do museu, e para lá chegar as pessoas são obrigadas a deparar-se com obras-primas fantásticas em cada canto... Em vez de lojas que substituem janelas para nos obrigar a comprar a todo o custo, aqui as pinturas enchem as paredes obrigando-nos a entrar num mundo à parte de símbolos, jogos de luz e cor, não há escapatória possível, tal é o labirinto em que se transforma o interior do Louvre!
A escultura europeia também tem um peso significativo nos desejos mais básicos dos visitantes. A Vitória de Samotrácia e a Vénus de Milo são as estrelas, por aquilo que aqui e ali se fala. Mas muitas outras esculturas são de encher o olho, e deslumbram quem se esvaziar completamente de preconceitos, e de significados históricos e se centrar na forma.
A arte das civilizações mais antigas também é digna de visita, mas causa-me uma certa intranquilidade, pondo-me a pensar até que ponto estas obras devem estar aqui em vez de estarem expostas nos seus países de origem. Esta situação faz lembrar a exigência polémica mas compreensível, dos gregos a Londres para devolverem partes do Parthénon. De facto, em certas alturas chegámos a pensar que estamos num outro mundo e outro tempo, tal é a quantidade de peças 'estranhas', ora completas, ora parcialmente destruídas que aqui se encontram, obrigado o museu a transformar alguns pátios em enormes galerias fechadas para receber tanta escultura (ver últimas fotos)!
Incrivelmente, o espólio do museu continua a crescer, e o Louvre, antes que arrebente pelas costuras, já está com um projecto para abrir sucursais noutras cidades e noutros países... Um dos locais escolhidos é, imaginem só, no Dubai...