Quando era um puto, o grande sonho colectivo da maior parte dos meus colegas era poder um dia ir à Eurodisney. Eu fui um dos sortudos, e em 1992, quando lá fui pouco depois do parque de diversões abrir, poucas memórias ficaram, salvo uma grande choradeira devido à presença dum rato gigante que me queria cumprimentar. Era o Mickey, mas com 4 anos essa associação era naturalmente complicada.
Passados quase 20 anos, surge a oportunidade de lá voltar, já sem o universo da Disney implantado em mim, mas ainda implantado na minha irmã, o que justificou um passeio em família. De qualquer das formas, além dos atractivos dum habitual parque de diversões, esperava pedir desculpas ao 'fofinho' rato Mickey...
No fim do fantástico dia, vi um parque que mudou de nome para Disneyland Park (para evitar a imagem monetária do termo 'euro'), vi um parque que se expandiu e muito, vi uma cidade americana muito bem recriada, mas não vi o Mickey. Parece estar demasiado velho para competir com Hannas Montanas e afins...
Na verdade, o Disneyland Park faz parte dum gigantesco recinto de 2000 hectares chamado Disneyland Resort Paris, que não só contém 2 parques temáticos, como hóteis, centros comerciais, restaurantes, parque de campismo, lagos, centros de congressos e um capo de golfe. Tudo isto numa região que acolheu nos anos 60 a construção de uma cidade de origem chamada Marne-la-Vallée, a cerca de 30 km de Paris. Qualquer sensação de artificialidade à americana pode não ser pura coincidência. Neste dia fomos apenas ao Disneyland Park (e mesmo num dia não deu para ver tudo), e uma coisa é certa, desde o momento que se entra percebe-se que estamos num mundo à parte, a arquitectura, e o seu realismo, é verdadeiramente espectacular, garantindo diversão por todo o dia para miúdos e graúdos. Apesar da expansão do parque, que tem hoje mais 3 sub-parques que o original, a maior parte das diversões estão dirigidas às crianças mais pequenas, com absoluta excepção de duas montanhas-russas, a Indiana Jones e a Space Mountain...
Dos dois parques temáticos, o mais recente Walt Disney Studios Park teve de ficar de fora da visita, mas um dia aproveitaremos concerteza as viagens lowcost para uma segunda, ou terceira visita a Paris (voos Aigle Azur por exemplo), para explorar todo o resort. Quanto ao Disneyland Park, este possui então 4 sub-parques:
- Frontierland: dedicado ao 'faroeste' americano, possui um lago onde circulam os famosos barcos do Mississipi, e as grandes atracções são a Big Thunder Mountain e a casa assombrada;
- Adventureland: dedicado ao mundo dos piratas, esta área contém uma 'ilha do tesouro' com imensos 'cantos' por descobrir, desde grutas a casas nas árvores, e contém a montanha-russa Indiana Jones;
- Fantasyland: é o parque original, e podemos dizer que é inteiramente dedicado aos mais pequenos, com diversões que recriam filmes Disney mais antigos como o Pinóquio, Branca de Neve ou Peter Pan (fiquei com a sensação de que conhecia melhor estas personagens que todos os putos que por ali andavam);
- Discoveryland: o meu preferido, é dedicado à ficção científica, e possui a espectacular Space Mountain; Star Wars, Toy Story, e 20 mil léguas submarinas estão aqui representados, mas a segunda grande atracção é a experiência '4D' na sala de cinema Videopolis.
Para chegar aos 4 parques, existe uma rua que recria as 'tradicionais' vilas vitorianas americanas, e termina no famoso palácio rosa da Cinderela (ou da Bela Adormecida?) que não é tão grande como parece nas fotos. É nesta 'main street' que podemos encontrar lojas, restaurantes, e muitos espectáculos... Tudo recriado ao pormenor, desde a calçada à decoração dos cafés, impressionante... Talvez por isto mesmo, a inauguração da Eurodisney foi alvo de muita polémica, em parte relacionada com uma espécie de 'invasão da cultura americana consumista' num país e num continente, que em cultura podemos dizer que são sagrados. Quem lá vai pode até pensar em lavagem cerebral 'à americana' aos miúdos, mas o que é certo é que a Disneyland Paris é apenas diversão e distracção para a pequenada (e para os graúdos também), e não substitui nunca uns dias passados no centro de Paris...
Os cerca de 30 km que separam Marne-la-Vallée de Paris podem ser feitos de comboio urbano RER. A Disneyland é na última paragem da RER A em direcção a Este, e a frequência dos comboios em Paris é de cerca de 20 minutos (alguns RER A não vão até Marne-la-Vallée). A viagem dura cerca de meia-hora desde a estação Nation no centro da capital, e a partir daqui o comboio vai sempre à superfície e as vistas são muito interessantes (todos os dias faço este percurso para a universidade, e ainda não me cansei).
Para quem viaja de avião só para ir à Disneyland, convém saber que existem autocarros directos que partem dos aeroportos de Orly e Charles de Gaulle. O TGV também tem uma estação por estes lados.
É bom saber também, que tal como muitos outros parques de diversões, visitar tudo num dia só é possível não ficando à espera em filas, logo, há duas soluções: comprando o passe rápido, ou ir nos dias de menor afluência, que são as terças e as quartas-feiras.
Resta agora visitar o Parc Astérix, e tecer as devidas comparações...
Anyway, foi um dia em grande!