Montparnasse, para muitos, é a Montmartre da margem Sul do rio Sena. Outrora um local sagrado dedicado a Apolo, deus da poesia, da música e da beleza, o monte Parnasso passou a fazer jus a estes atributos, e em inícios do século XX, era um importante centro artístico de Paris. Bares, ateliers, teatros e cabarets alimentavam a vida boémia que competia com Montmartre na outra ponta da cidade... Hoje, o antigo e o moderno dão as mãos, e descaracterizam esta zona entalada no 14º arrondissement.
Montparnasse é uma vasta área, que rodeia um dos maiores e mais importantes cemitérios da cidade. Este foi o primeiro dia dedicado a explorar as imensas e ricas avenidas que partem da praça Denfert Rochereau e vão até à Gare Montparnasse.
Começando de Sudeste, demos um salto ao Observatoire de Paris (ver fotos em cima). Foi Luís XIV - quem mais poderia ser? - que mandou construir um observatório nacional para pôr termo aos pedidos de cientistas e astrónomos franceses. Foi aqui que em 1672 se descobriu a dimensão exacta do sistema solar, e em 1846 descobriu-se... ...Neptuno!
Voltando à Boulevard Raspail, passámos pela Fondation Cartier. Este centro dedicado à arte contemporânea tem uma importância acrescida devido aos seus elementos arquitectónicos interessantes! O edifício principal encontra-se 'protegido' por um enorme muro em vidro que mantém a continuidade das fachadas dos prédios adjacentes; dentro da muralha tudo pode acontecer, ou não estivéssemos nós a falar de arte contemporânea...
Chegámos então à Boulevard Edgar Quinet, onde se situam os dois mais importantes lugares de Montparnasse: o cemitério e aquele que já foi o segundo maior arranha-céus de França, ambos com o nome da zona.
Após uma visita ao cemitério, partimos para Norte, em direcção ao Jardin du Luxembourg, para apreciar a arquitectura, tão variada e icónica, que consegue, tal como na Fondation Cartier, conjugar da melhor forma o moderno com o antigo, algo que não teve os melhores resultados no vizinho 13º arrondissement. Outro bom exemplo é a escola de hotelaria Gillaume Tirel.
Precisamente junto a esta escola, e partindo de Raspail, existe uma rua artisticamente histórica. A Rue Campagne-Première tem grandes exemplos Art Deco, como os estúdios onde trabalharam e viveram Miró, Picasso ou Kandinsky. A rua termina na Boulevard Montparnasse, a mais importante e mais central avenida do 14º arrondissement. Populares cafés e restaurantes como La Coupole ou La Closerie des Lilas ficam aqui. Este último, devidamente abrigado por canteiros, é provavelmente dos mais exclusivos da cidade; Leline, Trotsky, Hemingway ou Scott Fitzgerald eram clientes assíduos.
Antes de voltarmos à Avenue de l'Observatoire, que vai ter ao Luxembourg, um destaque para as esculturas que por aqui têm lugar. Nas fotos em baixo podemos ver, por ordem: a estátua do Marechal Ney, a escultura na Fontaine de l'Observatoire com 4 figuras femininas representando 4 continentes e suportadas por cavalos e golfinhos, o monumento dedicado ao médico Tarnier, conhecido sobretudo na área dos cuidados aos bebés prematuros, e por fim a escultura do artista Balzac da autoria de Rodin.
Conhecer a zona Oeste de Montparnasse fica para outro dia.
Ficam então mais pormenores dos prédios nos arredores da Avenue de l'Observatoire.