Quartier Latin é dos bairros mais conhecidos da cidade, não só pelo seu carácter estudantil e festivo, mas também pela sua centralidade - atravessa-se o Sena e está-se em plena Île de la Cité. Tal como alguns bairros da cidade, o traçado urbano resistiu às remodelações de Haussmann, e o Quartier Latin mantém assim ruas com 8 séculos, estreitas e sinuosas. Idem aspas para a grande parte dos edifícios. É um pedaço de vila medieval, com um comércio vivo e exótico. Nas fotos em baixo, destaque para a rua Galande, conhecida pelas suas antigas tabernas...
O nome deve-se à influência da Sorbonne, ali ao lado, nomeadamente à língua que os estudantes falavam, o latim. Na verdade, essa influência académica e intelectual acabou por tornar o bairro num centro de vida boémia mas também de agitação política. Um dos principais símbolos do Quartier Latin é precisamente uma livraria, a Shakespeare & Co que está virada para o Sena, onde os livros ainda se amontoam em cada canto, num caos propositado... Outro símbolo é a estreita Rue de La Huchette, conhecida pelos seus restaurantes baratos e animados. Passar aqui sem parar é quase impossível, tanto mais pela grande quantidade de pessoas que por aqui anda...
Todo o quarteirão limitado pelo Sena a Norte, pela enorme Boulevard St-Germain a Sul, e pelas históricas Boulevard St-Michel e Rue St-Jacques (via romana de entrada na cidade), é assim, edifícios bem juntos, e ruas vivas onde dificilmente passam carros. Um dos pontos altos desse caos arquitectónico, é o prédio do nº 22 da rua St-Séverin, o edifício mais estreito de Paris (as fotos falam por si)! Perdermo-nos aqui pode ser agradável, mas mais agradável será perdermo-nos entre as 'montras' e esplanadas dos restaurantes gregos que aqui marcam forte presença. É por isso que esta zona, em torno da igreja de St-Séverin, é chamada de 'Pequena Atenas'.
Saindo do labirinto a Oeste, chegámos a um dos mais movimentados cruzamentos da cidade, a praça St-Michel. Aqui a boulevard com o mesmo nome cruza o Sena para encontrar a Île de la Cité e as suas fantásticas fachadas que se reflectem no rio. As saídas para a estação de metro e RER de St-Michel lutam por espaço com as esplanadas, e assim turistas e parisienses empurram-se sem se aleijar, os primeiros tirando fotos à catedral de Notre Dame, os outros a quererem apenas voltar a casa. Curiosamente sempre houve agitação por estes lados. St-Michel e a sua espectacular fonte de Davioud representando o arcanjo S. Miguel, assistiram em 1871 à formação da comuna de Paris, e em Maio de 1968 à famosa revolta estudantil. Um marco portanto...