Depois de uma visita algo exaustiva à icónica Opéra Garnier (que pode ser lida aqui), e aos quarteirões das galerias Lafayette e Printemps (aqui), aproveitámos para conhecer o resto dos bairros que transformam as avenidas, que por aqui se cruzam, em autênticos passeios da fama... A praça da Opéra, onde se localiza a discreta escadaria da estação do metro, é a maior centralidade duma zona dividida pelo 2º e 9º arrondissement. Apesar de ser atravessada por ruas de grandes fluxos rodoviários, o que resta dela está sempre com muita gente, ora por pessoas que usam o metro, ora pelas animações que têm lugar junto às escadas da fachada principal da ópera, ora ainda pelos turistas fotógrafos.
Tirando a praça, o resto do bairro é carregado de requinte e elitismo associados à presença de pessoas com cargos superiores ligados aos 3 maiores bancos franceses que aqui têm a sua sede, e aos artistas profissionais que trabalham nos muitos teatros dos arredores, incluindo o popular Olympia... Basicamente é um bairro dos ricaços, e grande parte deles concerteza frequenta o mítico Café de la Paix, que continua com decoração do século XIX, a cargo de... Garnier. As fotos em baixo representam a Boulevard Haussmann, onde localizam as maiores lojas e galerias comerciais dedicadas à moda. Destaque para os fabulosos edifícios que a ladeiam, incluindo um tipicamente parisiense, mas com as janelas em estilo árabe...
Das Grands Boulevards, a Capucines é dos troços mais populares, e foi para lá que decidimos ir de forma a encontrar a pequena Rue Edouard VII. Nesta Boulevard, em 1895, os irmãos Lumière realizaram a primeira exibição pública de um filme; um importante facto que é tristemente recordado com umas pequenas letras inscritas na fachada do nº14. O que mais chama a atenção é no entanto o enorme bar 'The American Dream' (já na esquina com a rua Dounou), com uma exagerada fachada dedicada aos maiores símbolos dos Estados Unidos da América... O resto são lojas, a maior parte com muitos anos, mas bem preservadas...
Da Boulevard des Capucines acedemos à tal estreita Rue Edouard VII que chega à pequena praça octogonal com o mesmo nome. Este é um daqueles recantos fabulosos da cidade de Paris que a maior parte das pessoas nunca chega a conhecer. Isto porque esta praça não possui mais ruas, apenas uma passagem pedonal que dá acesso a outra rua estreita. Ora, num lugar aparentemente condenado a um mero beco sem saída, encontrámos um encantador lugar com belos restaurantes, belas esplanadas, um belo teatro e uma estátua equestre de Eduardo VII. Agora fica a questão: quem surgiu primeiro, os prédios ou a praça?
Lá voltámos então à Rue Scribe, que passa num dos lados da Opéra, para visitar o pequeníssimo museu Paris Story. Este é daqueles museus totalmente virados para os turistas, e talvez por isso seja um pouco caro; aliás aqui ter cartão de estudante não adianta, e por isso não chegámos a entrar na sala principal, onde, diz-se, há a rodagem de um filme interactivo que conta toda a história de Paris. O escritor Victor Hugo, numa versão em 3D é o narrador. Apesar de não virmos o filme, tivemos acesso a uma enorme maquete da cidade, onde estão marcados 156 monumentos e outros pontos turísticos, com a respectiva descrição.
Restava então descer a Avenue de l'Opéra, que liga a Opéra Garnier ao Museu do Louvre. É portanto uma das vias mais importantes do centro da cidade, e não admira por isso, a existência de edifícios importantes. Rapidamente concluímos que esta avenida é mais um dos marcos da renovação urbana iniciada por Haussmann em 1860. Por esse facto será interessante notar o que essa renovação implicou, pois se os prédios que ladeiam a avenida têm todos os mesmo estilo e altura, olhando pelas estreitas ruas que aqui chegam vemos uma espécie de cidade medieval, com edifícios mais pequenos, ao estilo de bairros como o Quartier Latin.
Nesta avenida existem sobretudo agências de viagens, bancos e lojas de luxo pois claro, o que não evita um grande movimento de pessoas, que quase se atropelam, mesmo em passeios de dimensão média em que não existem árvores ou bancos, o que é raro nas avenidas parisienses. Na verdade o facto de não ter árvores resultou de um acordo entre Haussmann e Garnier, para que a fachada principal da Opéra pudesse ser vista sem 'nada' a incomodar. De destacar o prédio do nº22 onde os serviços secretos americanos chegaram a ter a sua sede, e o nº 27 (penúltima foto), onde está o Centro Nacional de Artes Plásticas, com a sua estranha fachada...