21 de Fevereiro de 2012

As Grands Boulevards tornaram-se culturalmente importantes, tal como a Route 66 se tornou mítica umas boas décadas depois. Estou a falar de locais, aparentemente vulgares, que ganham uma imagem cultural própria, como se de praças ou centros históricos se tratassem. As Grands Boulevards não são mais do que uma longa avenida, formada por muitas outras, que passou a existir nos finais do século XVII, no lugar da antiga muralha Luís XIII e Carlos V, a qual estabelecia na altura os limites da cidade (na foto em baixo, a muralha em causa é a do lado Esquerdo ao Sena). Hoje, ampliados esses limites, é a Boulevard Périphérique a ter esse papel.

 

 

Os Champs Elysées são a avenida mais popular de Paris, ninguém duvida, mas em tempos eram as Grands Boulevards, nomeadamente o troço que vai da Opéra Garnier à Igreja de la Madeleine, que tinham a fama, muito assente nos cafés e lojas requintadas que aí existiam tornando a Boulevard no local predilecto para passeios... Chegou mesmo a existir a figura mítica do Boulevardier, que representava os senhores que por aqui exibiam o seu charme...

Ficam então fotos e algumas informações de todas as 11 Grands Boulevards, que partem da Praça de la Bastille, e terminam na Praça de la Madeleine...

 

Boulevard Beaumarchais

A primeira avenida a contar de Sudeste, parte da Bastilha, onde se situava a Porte Saint-Antoine, uma antiga entrada da cidade que mais tarde se tornou numa fortaleza. A avenida tem como principais símbolos o palácio Mansart, e uma das famosas entradas do metro da autoria de Guimard...

 

 

 

Boulevard des Filles-du-Calvaire

Este pequeno troço chegou a fazer parte da Boulevard Beaumarchais, quando ainda se chamava Boulevard de la Porte Saint-Antoine. Depois ganhou o seu próprio nome em homenagem a uma congregação religiosa. A cantora Elsa Lunghini dedica uma música a esta avenida de apenas 200 metros de comprimento, e que tem um circo permanente...

 

 

Boulevard du Temple

É o troço antes de chegar à grande Place de la Repúblique. O seu nome tem a ver com a Ordem dos Templários, a que locais como a Square du Temple se associam. Ficou bastante conhecida pela grande quantidade de teatros, muitos deles demolidos pelas obras de Haussmann. Uma das mais antigas fotos de sempre foi tirada aqui em 1838 por Louis Daguerre...

 

 

Boulevard Saint-Martin

Esta avenida possui a particularidade de ter a via rodoviária rebaixada 2 metros em relação aos passeios, medida adoptada para que as carroças a cavalo evitassem grandes variações de declive. Que eu saiba não existe em Paris outra avenida com este formato. Já perto da Porte Saint-Martin, existem 2 teatros classificados como monumentos históricos: o Théâtre de la Porte-Saint-Martin e o Théâtre de la Renaissance.

 

 

 

Boulevard Saint-Denis

Apesar do nome importantíssimo (a vila dos subúrbios onde vivemos, e o nome da de uma das mais antigas ruas de Paris que cruza esta Boulevard...), este é apenas um troço pequeno que liga dois arcos históricos, que aqui já falámos: a Porte St-Martin e a Porte St-Denis.

 

 

Boulevard de Bonne-Nouvelle

Esta avenida apresenta características semelhantes à Boulevard Saint-Martin. Nela começa a ser notória a animação e o movimento que irá caracterizar as próximas Boulevards, muito assente na presença de teatros (uma constante nas Grands Boulevards) e de cafés peculiares...

 

 

Boulevard Poissonnière

O seu nome deriva das carroças de peixe que vinham da costa Norte e que por aqui chegavam à cidade. O grande símbolo da avenida é o mítico cinema Le Grand Rex que data de 1930, e que recebe por ano qualquer coisa como 1,25 milhões de pessoas. Os teatros e as esplanadas que aqui existem também são populares, onde se destaca o café Le Brabant, antigo lugar predilecto de escritores naturalistas...

 

 

 

Boulevard Montmartre

Para muitos, o verdadeiro espírito das Grands Boulevards inicia-se a partir desta avenida. Apesar de nada ter a ver com as colinas de Montmartre, é bastante popular, muito por causa da presença do Hard Rock Café, e também do Museu Grévin. Este museu de cera, uma espécie de Madame Tussauds, atrai imensos turistas, garantindo uma longa fila que ocupa o passeio Norte. Este pormenor fez-nos desistir de o visitarmos, fica para a próxima...

 

 


Boulevard des Italiens

Grand Boulevard de excelência, ganha fama com a presença da Opéra Garnier na ponta Oeste, a Opéra Comique na ponta Este, e a Opéra Gaumont mais ou menos a meio. Grande parte dos edifícios têm fachadas monumentais, parte deles sedes de bancos, como o fantástico Crédit Lyonnais. O resto são cafés míticos como o La Taverne ou o Tortoni. Destaque também para a grande presença de Passages nos quarteirões a Sul, parte das quais têm acesso à Boulevard des Italiens e Montmartre.

 

 

Boulevard des Capucines

Para muito boa gente, esta avenida começa na praça da Opéra Garnier, e não na Opéra Gaumont, que faz esquina com a Rue de la Chaussée d'Antin. Em qualquer dos casos, é provavelmente o troço mais 'boulevardiano'. Já aqui falei de parte desta avenida frequentada sobretudo pela classe alta, ao contrário do que acontece na problemática Boulevard Saint-Denis por exemplo. Apesar do famoso Olympia (pelo menos para os artistas portugueses), há a destacar a presença de mais lojas comerciais, em vez de cafés e teatros...

 

 

 

Boulevard de la Madeleine

A última Grand Boulevard termina na grande igreja neoclássica La Madeleine, daí o nome... É um troço pequeno, e muito semelhante à Boulevard des Capucines. Há a destacar a presença da Galerie Bernheim-Jeune, uma das mais antigas da cidade, frequentada por artistas como Cézanne, Matisse ou Rodin...

 

 

(imagens retiradas da web, excepto as fotos da Boulevard Montmartre)

publicado por Nuno às 01:54

Estudantes do Institut Français d'Urbanisme

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