09 de Março de 2012

Por várias vezes referenciamos aqui as míticas Passages de Paris, nomeadamente quando abordávamos o e o 3º arrondissement. O conceito destas galerias comerciais cobertas foi criado em inícios do século XIX, para dar resposta a um extremo desejo de consumo da classe mais alta, que por viver nos densos bairros dos arredores da Opéra Garnier, não se contentava com os passeios - desabrigados da chuva, e partilhados com o trânsito e com vagabundos...

 

 

Na verdade os centros comerciais cobertos já existiam séculos antes, nomeadamente no Médio Oriente, mas aos parisienses ricos, que nem dos voos baratos da Easyjet podiam usufruir para conhecer o histórico Grand Bazaar do Irão, restou criarem o seu próprio modelo, com o típico requinte francês! Os Grands Magasins acabaram por ditar o declíneo das cerca de 150 Passages que aqui chegaram a existir, mas parte delas ainda resistem e tornaram-se dignas de visita.

 

 

Estas fotos representam precisamente um percurso que decidimos fazer em apenas um dia, tentanto encontrar o maior número de Passages sem qualquer plano definido. Na verdade, tal processo não foi fácil, porque apesar da maior parte das Passages estarem bem concentradas no 2º arrondissement, algumas têm apenas 2 entradas - que curiosamente também são saídas - estando elas pouco ou nada sinalizadas, assim como confundidas nas fachadas dos prédios, como se de uma qualquer porta de habitação se tratasse.


 

Entrando numa destas galerias, é mesmo um mundo à parte. Algumas, como a Galerie Vivienne, ou a Passage des Princes (que num post antigo já tínhamos falado), estão muito bem cuidadas e são riquíssimas nos aspectos decorativos, outras como a Passage des Panoramas, e as galerias mais a Norte, estão absurdamente com um ar abandonado e têm elementos arquitectónicos mais simples. Em ambos os casos, as lojas, com produtos muito especializados como joalharia, livros ou pinturas, mantêm o requinte de outros tempos, tornando estes locais em pequenas viagens ao passado...

 

 

Todas estas galerias comerciais encontram-se nos logradouros dos quarteirões maiores, e por isso, a luz foi aproveitada através de tectos abobadados em ferro e vidro, tornando este elemento a grande imagem de marca das Passages de Paris. De destacar também o chão, quase sempre bem decorado com mosaico colorido, e a referência quase óbvia, de que praticamente tudo se mantèm desde que foram construídas há 2 séculos atrás: dos candeeiros às fachadas das lojas...


 

Felizmente (ou não), estes pequenos centros comerciais não se enchem de multidões como os mega-shoppings dos subúrbios, ou mesmo os Grands Magasins aqui tão perto, mas há quem faça viagens a Paris para encontrar aqui uma eclética selecção de produtos que não se encontra em mais lado nenhum. É este factor que tem feito das galerias belos locais a manter, desde que na década de 1970 esforços foram unidos num processo de recuperação que parece não estar concluído ainda...


publicado por Nuno às 17:06

Parabéns pelo blog, sempre com artigos interessantes e com bom gosto!
12 de Março de 2012 às 18:51

Estudantes do Institut Français d'Urbanisme

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