Apesar de ser considerada uma jóia da arquitectura gótica, esta igreja foi das que mais evoluiu com o tempo, através de sucessivos restauros e reconstruções. O mais impressionante quando se chega é não saber onde está de facto a igreja, isto porque a Mairie do 1º arrondissement foi construída com uma fachada semelhante, ainda que com elementos mais recentes. Ora, os dois edifícios estão lado a lado, separados por um jardim, mas ligados por uma arcada que lhe dá acesso, e cujo centro é uma fantástica torre gótica.
As primeiras fotos são portanto da Mairie, e as seguintes da igreja. O primeiro edifício associado a este templo data dos tempos dos merovíngios, isto é, lá para o século IX, mas a sua forma actual só foi adquirida em 1580. A igreja possui uma localização prestigiante, pois se juntamente com a Marie representa o centro do arrondissement, em termos geográficos, está no ponto mais central da cidade de Paris. Este facto explica os fantásticos arredores: Museu do Louvre no outro lado da rua, o Sena a Sul, e Les Halles a uns quarteirões a Norte. Não admira que fosse a igreja favorita da família real durante séculos...
Infelizmente a igreja Saint-Germain l'Auxerrois, em vez de conhecida pela sua mistura de elementos decorativos de variados estilos, tem a História francesa a denegrir a sua imagem devido ao massacre da noite de São Bartolomeu. Os crimes cometidos pela igreja católica são imensos, mas este é particularmente simbólico, por ter incluído a morte de milhares de protestantes huguenotes, quando estes faziam uma viagem a Paris para assistir ao casamento de D. Henrique de Navarra. Conta-se que durante o massacre, os sinos tocavam sem parar abafando os gritos...
O interior colorido disfarça as memórias negras. Nada como voltar para o exterior e sermos distraídos pela monumentalidade do Louvre, o perfeito ritmo arquitectónico da Rue de Rivoli, ou o movimento comercial dos densos quarteirões que se sucedem nas traseiras da igreja. Muito desse movimento deve-se à presença das míticas galerias La Samaritaine, que mesmo em fase de remodelação, têm as suas fachadas Art Nouveau de 1926 a não deixarem ninguém indiferente...