Pois é, as aulas vão passando, e com elas, trabalhos para entregar. É então que a Vânia tem um trabalho para a cadeira de Arquitectura, que consiste em analisar um quarteirão no moderno 13º arrondissement. Quarteirão esse mesmo ao lado da Biblioteca Nacional de França (BNF), por sinal, também ela moderna. Aliás, é provavelmente o monumento que mais representa o Paris moderno (o bairro de arranha-céus de La Défense fica fora dos limites de Paris, a torre de Montparnasse é um mamarracho e não um monumento, e o Pompidou representa mais o 'kitsh' que o moderno, portanto ganha a biblioteca...).
Como também eu tinha trabalhos, lá fomos nós até à BNF, na esperança de encontrar o local ideal para estudar.
Já conhecíamos a importância da biblioteca, não só pela função (é uma biblioteca Nacional, ah pois), mas também a nível arquitectónico. É uma obra de Dominic Perrault, que não desiludiu o seu país, nem desiludiu François Miterrand, o presidente mentor de praticamente todos os projectos modernos de Paris. Mas este é sem dúvida o seu projecto mais notável. Não é por acaso que também lhe chamam Bibliothéque François Mitterrand, sendo também o nome da estação de metro mais próxima.
Apesar de tudo, o que via nas fotos era um complexo formado por 4 torres, mas nada de extravagante, quando chegámos, fiquei completamente surpreendido com o tamanho da biblioteca, e com a beleza aliada à simplicidade das fachadas (ui que vocabulário arquitectónico tão rico!)... Foi inaugurada em 1996, mas parece bem mais recente...
Depois de explorármos o exterior, encontrámos um local para o nosso piquenique, mesmo em frente à 'floresta' instalada dentro do complexo...
Perdemos algum tempo a descobrir a entrada, pois na verdade, a biblioteca em si, isto é, no seu termo mais lato, não fica nas 4 torres de 22 andares, mas nos três pisos subterrâneos que abraçam a pequena 'floresta'.
O complexo é mais que uma simples biblioteca de 12 milhões de livros (terceira maior do mundo!), mas dedica-se também ao audiovisual, à informática, exposições, palestras, debates, aulas, etc...
Mas não poderíamos usufruir de muito, porque... era uma segunda-feira. Três semanas a viver em Paris e ainda não nos tínhamos habituado à ideia de que à segunda-feira, 'não há nada para ninguém'!
Mas mesmo assim, ainda deu para percorrermos os enormes corredores, explorármos todos os cantos possíveis, vermos uma exposição sobre o 'Conhecimento do Mundo', e fazermos uma tentativa de estudar nas confortáveis cadeiras de pano, que estavam à beira dos portões fechados de acesso às salas de leitura. Mas sem sucesso...
As horas passaram, e nem a Vânia analisou o quarteirão, nem eu fiz os TPC...
Especial destaque, para a ideia genial presente nas casas de banho masculinas da biblioteca. Uma mosca desenhada, sim, desenhada, nos urinóis! O propósito é simples, enquanto se faz pontaria não se suja o resto...